Viagem por Malta: um dia em Mdina, a cidade silenciosa

Grandiosas muralhas, edifícios de calcário que misturam o barroco com o medieval, inúmeras portas coloridas, uma forte comunidade religiosa e muitas histórias fazem Mdina ser um dos locais mais populares para passeios de um dia em Malta.

A beleza do lugar é tanta que mais parece um cenário de filme, tanto que foi usado para filmagens de Game of Thrones!

Popularmente chamada de “A Cidade Silenciosa” (The Silent City), foi fundada século VIII aC por colonos fenícios com o nome de Maleth, sendo mais tarde rebatizada de Melite pelos romanos. Já durante a ocupação árabe, o local foi finalmente batizado de Mdina, uma referência a palavra árabe medina, que literalmente significa cidade.

Foi a capital de Malta por vários séculos, até que a Ordem dos Cavaleiros de São João fixou residência e a mudou, primeiro para Birgu (uma das The Three Cities) e finalmente para Valletta.

Muralhas

Arquitetura típica de Mdina

  • Porque Mdina é chamada de “cidade silenciosa”?

A alcunha “Cidade Silenciosa” (The Silent City) não foi dada por mero acaso a Mdina. Acontece que pouquíssimas pessoas realmente moram na cidade amuralhada e a noite, depois que as lojas se fecham e a onda de turistas vai embora, o silêncio assustador do local trouxe consigo muitas lendas famosas sobre fantasmas.

Uma das histórias de fantasmas mais populares de Malta é sobre uma mulher que fica em silêncio no final das ruas escuras de Mdina, incentivando as pessoas a segui-la, antes de atravessar uma parede.

Há também uma outra mulher que matou um cavaleiro e foi condenada à morte. Antes de ser decapitada, eles a deixaram se casar. Aparentemente, ela agora aparece no fundo das fotos turísticas como uma noiva sem cabeça. Importante verificar suas selfies agora em diante hein 😅.

Mdina a noite: o movimento de suas ruas cai bastante depois das 19h e atiça as lendas sobre fantasmas.

Eu estive em Mdina a noite em dois momentos e percebi o vazio do local, principalmente nas vielas mais afastadas do portão principal. Em alguns momentos, não havia nada e ninguém além de mim. Eu não acredito em fantasmas, mas fiquei assustado de pensar neles ali hehe.

Apesar dessas histórias já fazerem parte do imaginário urbano dos moradores, uma outra razão para o apelido Cidade Silenciosa seria uma referência a decadência que a cidade sofreu ao longo dos séculos, pois Mdina foi no passado o centro urbano mais importante de Malta e o lugar preferido da nobreza e líderes religiosos na ilha. Porém, após 1530, ela nunca recuperou sua importância e muitas pessoas deixaram de viver ali, deixando a cidade vazia e silenciosa.


  • Como chegar

Mdina fica localizada bem no coração da ilha de Malta, ao lado da cidade de Rabat, que serve como ponto de apoio para a maioria dos visitantes.

  • De ônibus

De transporte público, mesmo que você pretenda apenas visitar Mdina, ainda precisa pegar o ônibus para Rabat. Não há estação rodoviária na cidade amuralhada, pois eles permitem apenas um número muito limitado de carros registrados.

O centro de Rabat, no entanto, está localizado a apenas cinco minutos a pé dos portões principais de Mdina, o que facilita bastante a locomoção. Por isso, muitos visitantes acabam incluindo as duas cidades no mesmo passeio – vou falar um pouco mais de Rabat em outro post para vocês.

Se vier do norte da ilha, também há vários ônibus diretos que o levarão até lá. Como Rabat é uma das principais áreas residenciais de Malta, é bem servida por transportes públicos, portanto, é bastante fácil de acessar, não importa onde você esteja.

De Valletta: Linha 53 (destino Rabat – cerca de 30 minutos). Também é possível usar as linhas 50 (destino Rabat – 45 minutos), 51 (destino Mtarfa – 45 minutos), 52 e 56 (destino Dingli – 45-60 minutos);
De BugibbaQawra: (Terminal de ônibus) e St Paul’s Bay (estrada principal – Triq il-Mosta): Linha 186 (45 minutos);
De Sliema e St Julian’s: Linha 202 (45-60 minutos).

Uma dica: avise o motorista do ônibus que você está indo para Mdina e peça para ele te avisar do ponto mais próximo. Os ônibus vem escrito Ir-Rabat na parte superior.

  • De carro

Se você não quiser depender do ônibus, pode optar por ir de carro até Mdina e Rabat também.

Muitas pessoas acham que alugar um carro em Malta lhes dá um pouco mais de flexibilidade e pode ser uma boa opção se você tiver pouco tempo e não se importar em lidar com o trânsito caótico da ilha – por se localizar em uma região elevada, Mdina é vista de vários pontos da região e localizá-la é fácil.

Do lado de fora das muralhas, junto a um parque infantil, há um estacionamento público para os visitantes, embora seja raro encontrar vaga disponível em dias de maior movimento.

Uma das entradas da cidade
  • Atrações

O melhor jeito de você conhecer Mdina e todos os seus encantos é sair andando sem rumo por todas as ruas e vielas medievais, que já são por si só uma das principais atrações da cidade.

Assim que você adentra às muralhas, à esquerda do pátio, fica a rua (Triq) Il Villegaignon, que corta toda a cidade e pode ser uma boa referência de localização. De qualquer forma, Mdina é pequena e pode ser totalmente explorada em algumas horas e o máximo que acontecerá é você se perder na beleza do local.

Triq Il Villegaignon, que corta Mdina de norte a sul
  • Portão de Mdina

Se você é fã de Game of Thrones, irá reconhecer esse portão na 1° temporada de série. Esse é também o maior, mais importante e imponente portão de acesso da cidade fortificada.

Foi construído em estilo barroco em 1724 a mando de Charles François de Mondion durante o mandato do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena.

Na parte dianteira, uma ponte de pedra liga a rua ao portão. Já em sua parte traseira, há relevos de São Publius, Santa Agatha e São Paulo, que são os santos padroeiros de Malta.

  • Palazzo Vilhena e Museu Nacional de História Natural

Também chamado de Palácio do Magistério ou Palazzo Pretorio, o Palácio Vilhena tem esse nome em referência ao seu construtor, o Grão-Mestre António Manoel de Vilhena.

Erguido entre 1726 e 1728 em estilo barroco francês, o luxuoso edifício foi usado como hospital nos séculos XIX e XX e hoje abriga o Museu Nacional de História Natural, com uma importante coleção de fósseis, fauna e flora.

  • Torre dello Standardo

Foi construída pela Ordem de São João entre 1725 e 1726 como uma torre de comunicação entre Mdina e o resto de Malta e fazia parte de um conjunto de torres que cercavam as muralhas – a maioria delas foram destruídas. Atualmente é um centro de informações turísticas e um espaço para eventos culturais.

  • Capela de Santa Ágata

Inicialmente construída em 1417 pelo nobre Francesco Gatto, a Capela de Santa Ágata foi destruída pelo terremoto de 1693 e novamente reconstruída anos depois pelo arquiteto Lorenzo Gafà.

  • Banca Giuratale

Também chamado de Palácio Municipal, esse belo edifício foi construído entre 1726 e 1728 para abrigar o conselho administrativo e os tribunais de Mdina. Atualmente abriga parte do Arquivo Nacional de Malta.

  • Catedral de São Paulo

Segunda a tradição, a Catedral de Mdina foi construída no século XII no local onde o governador romano Publius conheceu o apóstolo São Paulo após seu naufrágio em Malta.

Em 1693, um forte terremoto na ilha da Sicília destruiu boa parte da catedral original, que foi desmontada e reconstruída em estilo barroco pelo arquiteto maltês Lorenzo Gafà entre 1696 e 1705. Tem dois relógios em sua fachada – um normal à direita e outro que mostra o mês e ano à esquerda.

A Catedral de Mdina é tão importante que ela é a sede da Arquidiocese Católica Romana de Malta junto com a Co-Catedral de São João em Valletta

  • Museu da Catedral

O Museu da Catedral foi fundado em 1897 no interior da Catedral de São Paulo e lá permaneceu até 1969, quando foi transferido para o prédio ao lado, de estilo barroco, construído entre 1733 e 1742 para ser um seminário. No atual acervo do museu há uma vasta coleção de obras de arte e artigos religiosas do século XIV ao século XX, além de uma coleção com mais de 70 xilogravuras originais do pintor alemão Albrecht Dürer.

  • Praça de São Paulo

A bonita praça da catedral é cercada por imponentes prédios públicos e abriga um canhão e um telefone público em estilo britânico, que são muito populares entre os turistas.  Entre as suas construções, eu destaco a Casa Gourgion, bonito palácio construído em 1728.

Casa Gourgion
  • Capela de São Roque

Construída no século XVIII e dedicada a São Roque, essa pequena igreja também é chamada de Capela de Nossa Senhora da Luz, uma referência ao quadro com a imagem da Virgem da Luz localizada em seu interior.

  • Igreja de Nossa Senhora da Anunciação

A igreja foi construída entre 1660 e 1675 e é também conhecida como Igreja das Carmelitas.  Registros históricos dizem que durante a ocupação francesa, essa igreja foi saqueada e muitos objetos de valor foram roubados para financiar as guerras de Napoleão Bonaparte. Porém, em um desses saques, alguns rebeldes trancaram as portas da igreja e um menino subiu até a torre para soar o alarme. Consequentemente, este evento deu origem à resistência contra os franceses em Malta.

  • Palazzo Falson

Esse edifício foi construído por volta de 1495 para ser uma residência familiar da nobreza maltesa e atualmente funciona como um museu com dezessete salas abertas ao público com mobiliário, objetos de arte e antiguidades.

Uma das entradas do palácio
  • Mirante

No final da rua Il Villegaignon, há uma arborizada praça com uma grande área de convívio com bancos para descanso e várias lojinhas. Paralela a essa praça, já sobre as muralhas, há um maravilhoso mirante que proporciona vistas de boa parte da ilha de Malta e também do mar – não deixe de visitar o mirante a noite, quando a paisagem muda completamente.

  • Porta Azul

Provavelmente a porta mais famosa de Malta e sem dúvidas a mais fotografada de todas (as marcações no Instagram provarão isso), essa charmosa casinha de arquitetura típica maltesa e sua grande porta azul fazem a festa dos turistas.

  • Capela São Pedro nas Correntes

Relatos indicam a existência dessa pequena capela desde meados de 1575. Ela está fechada há anos.

  • The Mdina Experience (The Knights Of Malta)

Esse “passeio de experiência” é bem polêmico entre os turistas, pois muitos amam e muitos odeiam. Se trata de um espaço dentro das muralhas onde você vai caminhando por corredores que tem bonecos encenando momentos da história maltesa, além de vídeos explicativos. Eu não cheguei a visitá-lo, então não sei se realmente vale a pena.

Entrada do espaço
  • Capela de São Nicolas

Não se sabe ao certo quando esta pequena capela foi construída, mas documentos indicam que ela foi erguida por volta de 1685, a fim de substituir uma antiga igreja de 1434 dedicada a São Nicolau. A capela não é mais usada para fins religiosos e abriga vários artefatos oriundos da Catedral de Mdina.

  • Praça da Mesquita

Mais um charmoso pátio cercado por típicos edifícios malteses. Tem em seu centro um antigo poço. Uma das cenas de Game of Thrones foi filmada aqui (quando Jaime Lannister atacou Ned Stark) – os fãs da série saberão hehe.

  • Passeio de charrete

Do lado de fora das muralhas, em frente a uma bonita praça, é possível fechar um passeio de charrete que te leva de volta ao passado e que percorre várias das ruas de Mdina. Eu não cheguei a ver quanto custa esse passeio, pois sou contra o uso de animais para atividades turísticas, mas deve ser na faixa de uns 10-15 euros.


  • Onde ficar

Mdina, assim como a sua vizinha Rabat, não são lugares muito populares para se hospedar e por isso, não há muitas opções. O Xara Palace é provavelmente o hotel boutique mais conhecido da região e fica localizado no coração de Mdina, em um palácio do século XVII.  Tem acomodações luxuosas, quartos com lindas vistas e preços um pouco mais caros.

Nos arredores de Rabat, o Maple Farm Bed and Breakfast é uma hospedagem familiar localizada em uma área muito tranquila, a uma curta caminhada de Rabat e Mdina.


  • Onde comer

Dependendo do horário em que você for passear por Mdina, precisará de um lugar para almoçar ou tomar um delicioso café.

Então recomendo dar uma olhada no Fontanella Tea Garden, o restaurante e café mais famoso da região. Eles servem almoço e uma variedade de bolos e sobremesas, todos com aquela vista deslumbrante de Malta acima das muralhas da cidade.


  • Se localize


  • Quando ir à Malta? 

Por ser uma ilha mediterrânea, Malta é conhecida por seu clima ameno, bem típico da região, com temperaturas variando entre 8 e 16 graus no inverno e de 25 a 30 no verão, que vai de junho a agosto.

Durante o verão, que é a alta temporada, a temperatura em Malta pode facilmente chegar aos 40 graus e a probabilidade de chuva é quase nula. Porém, por ser período de férias, o arquipélago fica lotado de turistas, o que também encarece a viagem – o país que tem pouco mais de 400 mil habitantes chega a ter quase 2 milhões durante esse período.

A minha estadia em Malta foi entre fevereiro e março. Como era finalzinho de outono e início de primavera, peguei muitos dias instáveis, com grande variação de temperatura – amanhecia chovendo, esfriava, saia o sol, esquentava, voltava a chover, etc. Isso sem falar nos ventos gelados e fortes de alguns dias e que me destruiu dois guarda chuvas em uma semana – sim, o vento na ilha é surreal.

Mesmo assim, a maioria dos dias nesses dois meses foi de sol e temperaturas em torno de 12 graus – só consegui aproveitar o calor e praia tão típicos da ilha em minha última semana, no final de março.

Com isso, acredito que os melhores meses para visitar Malta sejam entre o final de abril e começo de junho, onde as temperaturas estão altas (mas nem tanto) e o número de turistas é menor.

Valletta vista de Sliema durante o pôr do sol

  • Onde ficar hospedado?

O país é movimentado pelo turismo e por isso não faltam opções de hospedagem, que vão de simples albergues a resorts estrelados.

As hospedagens mais baratas ficam em cidades não litorâneas, principalmente no centro da ilha. Porém, acredito que o melhor seja ficar próximo ao litoral, a fim de poupar tempo e dinheiro com locomoção.

St. Julian’s e Sliema concentram os principais polos hoteleiros e gastronômicos de Malta e são as regiões preferidas pelos jovens (principalmente os baladeiros) e pelos intercambistas. Em compensação, os preços são mais elevados. O mesmo acontece com Valletta, que apesar de ser mais calma, tem preços altos.

Portomaso em St. Julian’s, que abriga hotéis de alto luxo

Msida, Birkirkara, San Gwann, Mosta, St. Paul’s Bay, Mellieha e Bugibba são opções interessantes de hospedagem na ilha de Malta. Já em Gozo, apesar da oferta de hospedagens ser menor, as melhores cidades são Victoria, Marsalforn e Xlendi.

Abaixo listo algumas opções bem avaliadas e bem localizadas em Malta para vocês:

The Phoenicia Malta (5 estrelas): Localizado em Valletta, este hotel luxuoso oferece quartos elegantes com vistas deslumbrantes para o mar ou para os jardins. Possui uma piscina ao ar livre, spa, restaurante gourmet e um serviço diferenciado.

Hotel Juliani (4 estrelas): Situado em St. Julian’s, este hotel boutique é conhecido por sua decoração moderna e ambiente sofisticado. Os quartos são elegantes e possuem varandas com vista para o mar. O hotel também conta com um restaurante à beira-mar e um lounge na cobertura.

The Westin Dragonara Resort (5 estrelas): Localizado em St. Julian’s, este resort oferece quartos espaçosos e confortáveis, muitos com vista para o mar. O resort possui uma ampla variedade de instalações, incluindo piscinas, praia privativa, spa, cassino e vários restaurantes.

InterContinental Malta (5 estrelas): Localizado em St. Julian’s, este hotel de luxo oferece quartos modernos e bem equipados, além de várias opções de restaurantes e bares. O resort possui várias piscinas, spa, academia e acesso direto a uma praia privativa.

Palazzo Consiglia (4 estrelas): Situado em Valletta, este hotel boutique está alojado em um edifício histórico restaurado. Os quartos são elegantes e apresentam detalhes arquitetônicos encantadores. O hotel também possui um terraço com piscina, spa e um restaurante de alta qualidade.

Two Pillows Boutique Hostel: Localizado em Sliema, este albergue boutique oferece quartos compartilhados e privativos a preços acessíveis. As acomodações são modernas e bem equipadas, e o albergue possui áreas comuns acolhedoras, como um lounge e uma cozinha compartilhada.

Hostel Malti: Localizado em St. Julian’s, este albergue oferece quartos compartilhados e privativos a preços acessíveis. O ambiente é descontraído e acolhedor, e o albergue possui um terraço ao ar livre, uma cozinha compartilhada e um lounge social.

QAWRA Palace Resort & SPA: Localizado em St. Paul’s Bay e com vista da Baía Salina, o hotel oferece piscina coberta e ao ar livre. A propriedade conta com campo de minigolfe e um salão de jogos com mesa de bilhar. Todas as unidades têm uma varanda privativa com vista da baía ou do pátio interno e campo de minigolfe.

ibis Styles ST Pauls Bay Malta: Localizado em St. Paul’s Bay, oferece lounge compartilhado, terraço, restaurante e bar, além de piscina ao ar livre. Alguns quartos possuem varanda com vista da cidade.

Lembre-se de verificar a disponibilidade, preços e outras informações relevantes diretamente com as acomodações.


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