O que ver e fazer na cidade de Rabat em Malta

Rabat é um dos destinos mais injustiçados de Malta. Isso porque a maioria dos turistas apenas utilizam a cidade como ponto de passagem até Mdina, a famosa cidade amuralhada que foi cenário de Game of Thrones.

O que é uma pena, pois Rabat abriga muitas atrações históricas e culturais interessantes, como um famoso complexo de catacumbas e uma gruta onde acredita-se que São Paulo passou um período de sua vida.

Típica rua de Rabat

  • História

Durante o período romano, Rabat fazia parte da capital de Malta, Melita, que também incluía Mdina. Mas com o tempo, Rabat passou a ser considerada um subúrbio de Mdina, ou melhor, uma extensão para fora das muralhas que ali existiam, mesmo ainda fazendo parte de Melita. Aliás, Rabat é um termo em árabe que literalmente significa subúrbio.

Durante o século XV, vários grupos de monges começaram a se estabelecer nos conventos da cidade, incluindo os de Franciscanos Conventuais, Agostinianos, Dominicanos e Franciscanos Menores.

Arquitetura típica da cidade

Isso porque essas comunidades religiosas se sentiam mais seguras por estarem a uma curta distância de Mdina, que é uma cidade murada, onde em caso de desembarque de corsários, poderiam correr o mais longe que pudessem para lá. Com a presença dessas ordens religiosas, muitas igrejas foram erguidas na região.

Atualmente, Rabat tem uma população de pouco mais de 11 mil pessoas e exerce um importante papel logístico, por se localizar bem no centro da ilha de Malta, servindo como ponto de parada para muitas linhas de transporte público.

Arquitetura típica da cidade

  • Como chegar

Como Rabat é uma das principais áreas residenciais de Malta, é bem servida por transportes públicos, portanto, é bastante fácil de acessá-la, não importa onde você esteja.

De ônibus

De Valletta: Linha 53 (destino Rabat – cerca de 30 minutos). Também é possível usar as linhas 50 (destino Rabat – 45 minutos), 51 (destino Mtarfa – 45 minutos), 52 e 56 (destino Dingli – 45-60 minutos);
De BugibbaQawra: (Terminal de ônibus) e St Paul’s Bay (estrada principal – Triq il-Mosta): Linha 186 (45 minutos);
De Sliema e St Julian’s: Linha 202 (45-60 minutos).

Os ônibus vem escrito Ir-Rabat na parte superior.

Caso você venha de carro, é possível estacionar nas ruas centrais, mas também há um estacionamento público do lado de fora das muralhas de Mdina, junto a um parque infantil, embora seja raro encontrar vaga disponível em dias de maior movimento.


  • Pontos de interesse em Rabat

  • Howard Garden

Os Jardins Howard são um dos maiores jardins públicos de Malta e podem ser encontrados à saída de Mdina, ao redor das muralhas. Esses jardins formam uma fronteira natural entre as duas cidades e nele existem alguns quiosques ao redor com mesas e cadeiras. É um ótimo espaço para relaxar.

  • Casa Bernard

No museu da Casa Bernard (46 Triq San Pawl), você pode ter uma ideia de como a nobreza maltesa vivia neste luxuoso e bem preservado palácio do século XVI. Visitas guiadas são oferecidas.

  • Basílica de São Paulo

A atual igreja teve sua construção iniciada em 1653 e foi concluída por Lorenzo Gafà em 1683, para substituir uma antiga igreja datada de 1578. Já em 2020 foi elevada a categoria de Basílica Menor, sendo também uma das maiores de Malta.

Anexada com a Basílica de São Paulo está uma igreja menor dedicada a São Publius, que foi reconstruída em 1692 e novamente em 1726.

Igreja de São Publius
  • Praça São Paulo

A principal praça de Rabat fica localizada em frente a basílica e é a partir dela que se formam as principais vias do centro. Além de abrigar uma pequena feira, ao redor dela estão a maioria dos cafés, restaurantes e lojas da cidade.

  • Museu Wignacourt

Esse museu presta homenagem ao Grão-Mestre Alof de Wignacourt, que governou as Ilhas de Malta entre 1601 e 1622 e funciona em edifício barroco do século XVIII que abrigava os Capelães da Ordem de São João.

Seu acervo é formado por pinturas de artistas como Mattia Preti, Antoine de Favray e Francesco Zahra, assim como também há esculturas, um altar, pratas antigas, relíquias religiosas, cerâmicas, moedas, mapas, livros raros e gravuras.

Fonte da imagem: Wikipedia
  • Gruta de São Paulo

Apesar de estar fechada no dia da minha visita, saber da existência dessa gruta foi uma das minhas maiores surpresas em Malta, pois segundo a tradição, é o local onde São Paulo viveu e pregou durante a sua estadia de três meses em Malta no ano 60 DC, após um naufrágio.

Em 1748, uma estátua de São Paulo foi colocada na gruta e o local passou a ser um popular ponto de peregrinação, já tendo sido visitada por dois papas, o Papa João Paulo II em 1990 e 2001 e o Papa Bento XVI em 2010.

A entrada da gruta é feita através da Igreja de São Publius (aquela localizada ao lado da basílica) e também pelo Museu Wignacourt.

Interior da gruta. Fonte da imagem: Wikipedia
  • Estátua de São Paulo

Esse bonito conjunto de esculturas fica na praça ao lado da Basílica Menor e se tornou um importante ponto de convívio com bancos para descanso ao redor.

  • Domus Romana (Villa Romana)

O local foi descoberto em 1881 e escavações arqueológicas revelaram vários mosaicos romanos bem preservados, estátuas e outros artefatos, bem como lápides e outros vestígios de um antigo cemitério.

Inclusive, esses pavimentos de mosaico na Villa Romana em Rabat estão entre as melhores e mais antigas composições de mosaico do Mediterrâneo ocidental, ao lado dos de Pompéia e da Sicília. Desde 1882, o local está aberto ao público como um museu.

Entrada do museu
  • Catacumbas de São Paulo

As ilhas maltesas são ricas em típicos cemitérios subterrâneos romanos tardios e bizantinos interconectados e que estavam em uso até o século IV DC. As Catacumbas de São Paulo, por exemplo, representam a evidência arqueológica mais antiga do Cristianismo em Malta.

Ao redor também existem as catacumbas de Santa Ágata, San Katald, Santo Agostinho, entre outras.

As primeiras tumbas consistiam em um poço retangular profundo com uma ou duas câmaras escavadas de seus lados. Este tipo de sepultamento foi usado durante a ocupação romana das ilhas, mas as câmaras tornaram-se maiores e mais regulares com o passar do tempo.

As catacumbas de São Paulo são acessíveis a partir da Bajjada Triq Sant Agata, no centro de Rabat.

Uma das entradas do complexo
Interior das catacumbas. Fonte da imagem: Wikipedia
  • Igreja de St. Cataldus

Essa pequena igreja abriga em seu subsolo as catacumbas de St. Cataldus, que inclui uma famosa mesa de ágape – plataforma circular escavada na rocha usada para os primeiros rituais funerários cristãos.

Depois que um corpo era enterrado, uma vez por ano no aniversário do enterro, os parentes se reuniam na catacumba para uma comemoração em homenagem aos mortos.

As catacumbas são acessadas por uma escada íngreme na igreja.

A pequena igreja que abriga as catacumbas
  • Igreja da Natividade de Nossa Senhora

Conhecida como ta ‘Ġieżu, essa bela igreja foi construída em 1500 e ampliada em 1757. Fica anexa a um convento franciscano.

  • Igreja da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria Ta’ Duna

Provavelmente a Igreja Santa Maria ta’ Duna foi construída por volta de 1575 no lugar de uma capela datada de 1487.

  • Complexo Histórico de Santa ÁGATA

Eu visitei esse importante conjunto histórico e arquitetônico de Rabat durante um passeio da escola onde realizei meu intercâmbio em Malta e simplesmente amei tudo que vi. Para começar, para acessar o complexo você precisa atravessar uma charmosa travessa repleta de casinhas típicas.

Do outro lado, já saímos de frente a um pátio cercado por monumentais prédios, como a Igreja de Santa Ágata, datada de 1504 e ampliada em 1670 e onde é guardada a histórica estátua de mármore que foi colocada nas paredes da cidade de Mdina em 20 de julho de 1551, durante um dos ataques dos corsários árabes na ilha.

Pátio

Bem em frente a igreja está a entrada das Catacumbas de Santa Ágata, um dos maiores conjuntos subterrâneos de Malta. A visita, que é guiada, durou cerca de 1h e percorremos estreitos e baixos corredores onde foi possível avistar altares e túmulos, alguns deles com ossada humana. É proibido fotografar o interior por questões de preservação.

Logo acima das catacumbas se encontra o Museu de Santa Ágata. A maioria das várias coleções encontradas no museu foram a herança de Mons. Joseph De Piro e que inclui itens arqueológicos, ânforas, muitos tipos de pratos, garrafas, xícaras, lamparinas e artigos religiosos.

  • E por fim, não deixe também de visitar Mdina

Grandiosas muralhas, edifícios de calcário que misturam o barroco com o medieval, inúmeras portas coloridas, uma forte comunidade religiosa e muitas histórias fazem Mdina ser um dos locais mais populares para passeios de um dia em Malta.

A beleza do lugar é tanta que mais parece um cenário de filme, tanto que foi usado para filmagens de Game of Thrones!

Eu mostro um roteiro completo pela cidade de Mdina aqui.


  • Se localize


  • Quando ir à Malta? 

Por ser uma ilha mediterrânea, Malta é conhecida por seu clima ameno, bem típico da região, com temperaturas variando entre 8 e 16 graus no inverno e de 25 a 30 no verão, que vai de junho a agosto.

Durante o verão, que é a alta temporada, a temperatura em Malta pode facilmente chegar aos 40 graus e a probabilidade de chuva é quase nula. Porém, por ser período de férias, o arquipélago fica lotado de turistas, o que também encarece a viagem – o país que tem pouco mais de 400 mil habitantes chega a ter quase 2 milhões durante esse período.

A minha estadia em Malta foi entre fevereiro e março. Como era finalzinho de outono e início de primavera, peguei muitos dias instáveis, com grande variação de temperatura – amanhecia chovendo, esfriava, saia o sol, esquentava, voltava a chover, etc. Isso sem falar nos ventos gelados e fortes de alguns dias e que me destruiu dois guarda chuvas em uma semana – sim, o vento na ilha é surreal.

Mesmo assim, a maioria dos dias nesses dois meses foi de sol e temperaturas em torno de 12 graus – só consegui aproveitar o calor e praia tão típicos da ilha em minha última semana, no final de março.

Com isso, acredito que os melhores meses para visitar Malta sejam entre o final de abril e começo de junho, onde as temperaturas estão altas (mas nem tanto) e o número de turistas é menor.

Valletta vista de Sliema durante o pôr do sol

  • Onde ficar hospedado?

O país é movimentado pelo turismo e por isso não faltam opções de hospedagem, que vão de simples albergues a resorts estrelados.

As hospedagens mais baratas ficam em cidades não litorâneas, principalmente no centro da ilha. Porém, acredito que o melhor seja ficar próximo ao litoral, a fim de poupar tempo e dinheiro com locomoção.

St. Julian’s e Sliema concentram os principais polos hoteleiros e gastronômicos de Malta e são as regiões preferidas pelos jovens (principalmente os baladeiros) e pelos intercambistas. Em compensação, os preços são mais elevados. O mesmo acontece com Valletta, que apesar de ser mais calma, tem preços altos.

Portomaso em St. Julian’s, que abriga hotéis de alto luxo

Msida, Birkirkara, San Gwann, Mosta, St. Paul’s Bay, Mellieha e Bugibba são opções interessantes de hospedagem na ilha de Malta. Já em Gozo, apesar da oferta de hospedagens ser menor, as melhores cidades são Victoria, Marsalforn e Xlendi.

Abaixo listo algumas opções bem avaliadas e bem localizadas em Malta para vocês:

The Phoenicia Malta (5 estrelas): Localizado em Valletta, este hotel luxuoso oferece quartos elegantes com vistas deslumbrantes para o mar ou para os jardins. Possui uma piscina ao ar livre, spa, restaurante gourmet e um serviço diferenciado.

Hotel Juliani (4 estrelas): Situado em St. Julian’s, este hotel boutique é conhecido por sua decoração moderna e ambiente sofisticado. Os quartos são elegantes e possuem varandas com vista para o mar. O hotel também conta com um restaurante à beira-mar e um lounge na cobertura.

The Westin Dragonara Resort (5 estrelas): Localizado em St. Julian’s, este resort oferece quartos espaçosos e confortáveis, muitos com vista para o mar. O resort possui uma ampla variedade de instalações, incluindo piscinas, praia privativa, spa, cassino e vários restaurantes.

InterContinental Malta (5 estrelas): Localizado em St. Julian’s, este hotel de luxo oferece quartos modernos e bem equipados, além de várias opções de restaurantes e bares. O resort possui várias piscinas, spa, academia e acesso direto a uma praia privativa.

Palazzo Consiglia (4 estrelas): Situado em Valletta, este hotel boutique está alojado em um edifício histórico restaurado. Os quartos são elegantes e apresentam detalhes arquitetônicos encantadores. O hotel também possui um terraço com piscina, spa e um restaurante de alta qualidade.

Two Pillows Boutique Hostel: Localizado em Sliema, este albergue boutique oferece quartos compartilhados e privativos a preços acessíveis. As acomodações são modernas e bem equipadas, e o albergue possui áreas comuns acolhedoras, como um lounge e uma cozinha compartilhada.

Hostel Malti: Localizado em St. Julian’s, este albergue oferece quartos compartilhados e privativos a preços acessíveis. O ambiente é descontraído e acolhedor, e o albergue possui um terraço ao ar livre, uma cozinha compartilhada e um lounge social.

QAWRA Palace Resort & SPA: Localizado em St. Paul’s Bay e com vista da Baía Salina, o hotel oferece piscina coberta e ao ar livre. A propriedade conta com campo de minigolfe e um salão de jogos com mesa de bilhar. Todas as unidades têm uma varanda privativa com vista da baía ou do pátio interno e campo de minigolfe.

ibis Styles ST Pauls Bay Malta: Localizado em St. Paul’s Bay, oferece lounge compartilhado, terraço, restaurante e bar, além de piscina ao ar livre. Alguns quartos possuem varanda com vista da cidade.

Lembre-se de verificar a disponibilidade, preços e outras informações relevantes diretamente com as acomodações.


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