O que ver e fazer em Cospicua, uma das “Three Cities” de Malta

Cospicua é uma das três cidades que formam as The Three Cities, conjunto de históricas vilas portuárias maltesas localizadas na área interna do porto Grand Habour em Malta, sendo essa a mais extensa e populosa delas.

Apesar disso, Cospicua é, na minha humilde opinião, a menos interessante dessas vilas (as outras são Birgu e Senglea), mas mesmo assim, uma visita aqui super vale a pena, principalmente por sua rica história.

Arquitetura típica da cidade

Kalkara, outra pequena vila localizada nessa região, é por muitas vezes também incluída no circuito das The Three Cities – eu falei um pouco mais sobre ela aqui.


  • História

Pesquisas mais recentes dizem que Cospicua tem sido habitada desde os tempos neolíticos, mas seu crescimento ocorreu durante o século XVII, quando grandiosas muralhas foram construídas pela Ordem de São João para proteger a vila e as vizinhas Birgu e Senglea.

A construção começou em 1638, mas foi concluída depois de 70 anos. Já em 1722, o Grão-Mestre Marc’Antonio Zondadari elevou a comunidade ao status de cidade.

Arquitetura típica de Cospicua

Em 1776, a Ordem de São João iniciou a construção de um estaleiro, que viria a desempenhar um papel vital no desenvolvimento da região. Anos depois, durante o domínio britânico em Malta, a Marinha Real fez uso extensivo do estaleiro, especialmente durante a Guerra da Crimeia, a I e a II Guerra Mundial – quando a cidade foi parcialmente destruída por bombardeios.

Interessante que esse mesmo estaleiro que trouxe crescimento à cidade se tornou um dos mais controversos e longos debates públicos de Malta, com muitos partidos políticos defendendo sua desativação, pois o local já chegou a ser responsável por cerca de 25% da dívida nacional – projetos querem transformar o espaço em um centro comercial e turístico.


  • Seus diferentes nomes

Até o século XVIII, Cospicua era conhecida como Bormla, nome que ainda é usado e que em maltês significa “o bem do Senhor”. Durante o domínio da Ordem de São João, ficou conhecida também como Città Cospicua ou Civitas Cottonera, uma clara referência as linhas fortificadas que cercam a cidade.

Além disso, Cospicua também é chamada de Belt l-Immakulata ou a Cidade da Imaculada, uma referência à Imaculada Conceição, padroeira da cidade cuja uma grande festa é realizada todos os anos em 8 de dezembro.


  • O que ver e fazer

  • Linhas de Cottonera

Também conhecidas como linhas Valperga, as Linhas Cottonera são uma linha de fortificações entre Cospicua e Birgu e foram construídos nos séculos XVII e XVIII para formar as defesas externas das Três Cidades no lugar de uma linha anterior de fortificações, conhecida como Linhas de Santa Margherita (essas são as fortificações que falei no tópico anterior).

  • Igreja de São Paulo

Registros apontam que essa igreja foi primeiramente construída em 1590, porém, após anos abandonada, uma nova foi construída em seu lugar com a pedra fundamental lançada em agosto de 1735 e conclusão em 1740.

Em seu interior há obras de Ġanni VeIla e Francesco Zahra. Localizada em uma das entradas da cidade, você pode incluí-la no início do seu roteiro.

  • Bormla Waterfront

Uma das área mais bonitas e vibrantes de Cospicua, a Bormla Waterfront  é um pequeno canal que vai da Marina de Vittoriosa até a Igreja da Imaculada Conceição. Ao seu redor há um grande espaço para convívio e a maioria dos estabelecimentos comerciais da cidade.

  • Estátua de Nossa Senhora

Localizada em um cruzamento no final da Bormla Waterfront, a estátua de Nossa Senhora é um dos principais símbolos religiosos da cidade e se tornou uma das paradas das peregrinações da festa da Imaculada Conceição, padroeira de Cospicua.

  • Igreja de Santa Teresa

A igreja de Santa Teresa de Ávila pertence aos Frades Carmelitas Descalços e foi primeiramente construída em 1625, passando por inúmeras reformas nos séculos posteriores. Em 2017 ganhou uma grandiosa pintura no teto retratando Santa Teresa do Menino Jesus e Santa Isabel da Trindade.

  • Igreja e Convento de Santa Margarida

O Convento de Santa Margarida foi fundado em 9 de novembro de 1726 como lar para meninas carentes conhecido como “Konservatorju ta ‘Ġesu’ u Marija”.

Em 1731, passou a abrigar a Ordem Terceira dos Carmelitas Descalços e em 1739, recebeu a aprovação do Vaticano para que ele começasse a funcionar como um convento para as freiras carmelitas descalças.

  • Capela de São João

Essa pequena capela abriga uma coleção de antiguidades e destroços resgatados após os bombardeiros realizados na cidade durante a II Guerra Mundial.

  • Edifício Britânico

O edifício foi construído entre 1841 e 1844, a partir de um projeto do arquiteto foi William Scamp, para ser uma oficina da Marinha Real Britânica. Seriamente danificado durante a II Guerra Mundial, o edifício foi totalmente restaurado para receber em 2016 um dos campus da American University of Malta, já com o nome de Edifício Sadeen.

  • Igreja Paroquial da Imaculada Conceição

Elevada a condição de paróquia em 1586, a Igreja da Imaculada Conceição se tornou pequena para a grande quantidade de fiéis, fazendo com que a partir de 1684 uma nova igreja fosse construída – foi oficialmente reinaugurada em 1730. É uma das maiores igrejas das Three Cities e palco de uma das mais famosas festas de Malta, a festa da padroeira de Cospicua.


  • Como chegar

Cospicua é atendida pela linha 2 do transporte público, ônibus que faz a ligação direta até Valletta em cerca de 20-30 minutos. As linhas 1, 3, 4, 124, 213 também atendem a região, mas em geral, tem trajetos mais longos.

As principais entradas da cidade são feitas pelas ruas Triq Ghajn Dwieli, Triq Cospicua e Trip Santa Duminka, através de grandes portões nas muralhas. Também é possível ir de carro (o que não recomendo, pois é difícil estacionar) ou ir caminhando de qualquer uma das cidades que formam as Three Cities, já que elas estão coladas uma nas outras.


  • Se localize


  • Quando ir à Malta? 

Por ser uma ilha mediterrânea, Malta é conhecida por seu clima ameno, bem típico da região, com temperaturas variando entre 8 e 16 graus no inverno e de 25 a 30 no verão, que vai de junho a agosto.

Durante o verão, que é a alta temporada, a temperatura em Malta pode facilmente chegar aos 40 graus e a probabilidade de chuva é quase nula. Porém, por ser período de férias, o arquipélago fica lotado de turistas, o que também encarece a viagem – o país que tem pouco mais de 400 mil habitantes chega a ter quase 2 milhões durante esse período.

A minha estadia em Malta foi entre fevereiro e março. Como era finalzinho de outono e início de primavera, peguei muitos dias instáveis, com grande variação de temperatura – amanhecia chovendo, esfriava, saia o sol, esquentava, voltava a chover, etc. Isso sem falar nos ventos gelados e fortes de alguns dias e que me destruiu dois guarda chuvas em uma semana – sim, o vento na ilha é surreal.

Mesmo assim, a maioria dos dias nesses dois meses foi de sol e temperaturas em torno de 12 graus – só consegui aproveitar o calor e praia tão típicos da ilha em minha última semana, no final de março.

Com isso, acredito que os melhores meses para visitar Malta sejam entre o final de abril e começo de junho, onde as temperaturas estão altas (mas nem tanto) e o número de turistas é menor.

Valletta vista de Sliema durante o pôr do sol

  • Onde ficar hospedado?

O país é movimentado pelo turismo e por isso não faltam opções de hospedagem, que vão de simples albergues a resorts estrelados.

As hospedagens mais baratas ficam em cidades não litorâneas, principalmente no centro da ilha. Porém, acredito que o melhor seja ficar próximo ao litoral, a fim de poupar tempo e dinheiro com locomoção.

St. Julian’s e Sliema concentram os principais polos hoteleiros e gastronômicos de Malta e são as regiões preferidas pelos jovens (principalmente os baladeiros) e pelos intercambistas. Em compensação, os preços são mais elevados. O mesmo acontece com Valletta, que apesar de ser mais calma, tem preços altos.

Portomaso em St. Julian’s, que abriga hotéis de alto luxo

Msida, Birkirkara, San Gwann, Mosta, St. Paul’s Bay, Mellieha e Bugibba são opções interessantes de hospedagem na ilha de Malta. Já em Gozo, apesar da oferta de hospedagens ser menor, as melhores cidades são Victoria, Marsalforn e Xlendi.

Abaixo listo algumas opções bem avaliadas e bem localizadas em Malta para vocês:

The Phoenicia Malta (5 estrelas): Localizado em Valletta, este hotel luxuoso oferece quartos elegantes com vistas deslumbrantes para o mar ou para os jardins. Possui uma piscina ao ar livre, spa, restaurante gourmet e um serviço diferenciado.

Hotel Juliani (4 estrelas): Situado em St. Julian’s, este hotel boutique é conhecido por sua decoração moderna e ambiente sofisticado. Os quartos são elegantes e possuem varandas com vista para o mar. O hotel também conta com um restaurante à beira-mar e um lounge na cobertura.

The Westin Dragonara Resort (5 estrelas): Localizado em St. Julian’s, este resort oferece quartos espaçosos e confortáveis, muitos com vista para o mar. O resort possui uma ampla variedade de instalações, incluindo piscinas, praia privativa, spa, cassino e vários restaurantes.

InterContinental Malta (5 estrelas): Localizado em St. Julian’s, este hotel de luxo oferece quartos modernos e bem equipados, além de várias opções de restaurantes e bares. O resort possui várias piscinas, spa, academia e acesso direto a uma praia privativa.

Palazzo Consiglia (4 estrelas): Situado em Valletta, este hotel boutique está alojado em um edifício histórico restaurado. Os quartos são elegantes e apresentam detalhes arquitetônicos encantadores. O hotel também possui um terraço com piscina, spa e um restaurante de alta qualidade.

Two Pillows Boutique Hostel: Localizado em Sliema, este albergue boutique oferece quartos compartilhados e privativos a preços acessíveis. As acomodações são modernas e bem equipadas, e o albergue possui áreas comuns acolhedoras, como um lounge e uma cozinha compartilhada.

Hostel Malti: Localizado em St. Julian’s, este albergue oferece quartos compartilhados e privativos a preços acessíveis. O ambiente é descontraído e acolhedor, e o albergue possui um terraço ao ar livre, uma cozinha compartilhada e um lounge social.

QAWRA Palace Resort & SPA: Localizado em St. Paul’s Bay e com vista da Baía Salina, o hotel oferece piscina coberta e ao ar livre. A propriedade conta com campo de minigolfe e um salão de jogos com mesa de bilhar. Todas as unidades têm uma varanda privativa com vista da baía ou do pátio interno e campo de minigolfe.

ibis Styles ST Pauls Bay Malta: Localizado em St. Paul’s Bay, oferece lounge compartilhado, terraço, restaurante e bar, além de piscina ao ar livre. Alguns quartos possuem varanda com vista da cidade.

Lembre-se de verificar a disponibilidade, preços e outras informações relevantes diretamente com as acomodações.


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2 Respostas a “O que ver e fazer em Cospicua, uma das “Three Cities” de Malta

  1. Boa Noite Rafah,

    Que bela matéria, você escreve muito bem! Viajei por alguns momentos nas suas postagens!

    Obrigado forte abraço!!!

    Daniel Castro

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