Cidade de Goiás: patrimônio da humanidade e terra natal de Cora Coralina

Pouca gente sabe, mas no interior de Goiás existe uma das mais encantadoras cidades do Brasil, repleta de história, paisagens de tirar o fôlego e que sem dúvidas nenhuma está entre os destinos mais charmosos que já visitei. Estou falando da Cidade de Goiás, que foi a primeira capital do Estado de Goiás, é terra natal de Cora Coralina e de tantos outros artistas e que é patrimônio histórico e cultural da humanidade pela UNESCO desde 2001.

A cidade também é conhecida como Goiás Velho, para se diferenciar do nome do estado, apesar de que boa parte dos seus moradores não gostam dessa alcunha. Justificável, né!?

  • Informações práticas:

Nome: Goiás
Estado: Goiás
Fundação: 1732
População: 24 mil (2017)
Gentílico: goiano
Distância até a capital do estado: 148 km.

Igreja da Boa Morte e Palácio dos Arcos
  • Minha visita:

Minha  vontade de visitar essa cidade já vinha de um bom tempo, até que no início de maio de 2018, enquanto estava procurando destinos baratos na internet, encontrei uma passagem aérea ida e volta saindo de Congonhas-SP para Goiânia por R$320,00 pela GOL. Eu que não sou bobo, não perdi a oportunidade. Comprei as passagens e embarquei para mais uma aventura sozinho.

  • Quantos dias ficar:

Na Cidade de Goiás eu fiquei apenas um dia, incluindo uma pernoite no Hostel Dedo de Prosa (cheguei no inicio da noite do dia 10 de maio e fui embora no final da tarde do dia 11 de maio), mas aconselho no mínimo dois dias, pois assim, você consegue apreciar o centro histórico com calma e também conhecer as belezas naturais da região.

Rua Bartolomeu Bueno
  • História:

Goiás já foi uma das cidades mais ricas do país, graças aos minérios encontrados em abundância na região, em especial o ouro. A chegada dos bandeirantes paulistas, como Bartolomeu Bueno da Silva (filho), apenas intensificou seu crescimento, culminando também na exploração e, consequentemente, na extinção de povos indígenas que ali viviam, como os da nação Goiá. E foi sobre uma antiga aldeia que surgiu em 1727 o Arraial de Sant’Ana, que viria a se tornar a Vila Boa de Goyaz, pertencente a Capitania de São Paulo. Já em 1748 era criada a Capitania de Goiás, que teve como primeiro governador Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, que construiu ali uma imponente residência, transformando Goiás em capital da comarca. Ao longo dos anos, inúmeras intervenções foram feitas na vila, como o alinhamento de ruas e construção de prédios públicos.

Cruz de Anhanguera, em homenagem ao bandeirante, e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário

A partir do final do século XVIII, porém, a cidade perde parte de sua importância devido ao esgotamento do ouro. Sua população diminui consideravelmente e suas atividades econômicas tiveram que ser totalmente reorganizadas. Essa estagnação econômica, alinhada a geografia da região, repleta de morros e vegetação abundante, o que dificultaria a sua expansão, foram fundamentais para a consolidação de uma proposta que já vinha sendo discutida a anos: a transferência da capital para uma nova cidade.

A construção de Goiânia na década de 1930 e a mudança de capital, foi, ao meu ver, apesar dos inúmeros protestos realizados pelos seus habitantes, fundamental para a preservação de sua cultura, de seu modo de vida simples e de seu rico conjunto arquitetônico.

Praça do Coreto e a Igreja Matriz de Sant’Anna

No início do século XIX, uma grande enchente provocada pela cheia do Rio Vermelho, que corta a cidade, após uma forte chuva, destruiu boa parte das construções coloniais que se encontravam na região mais baixa do centro histórico, entre elas a Igreja de Nossa Senhora da Lapa. Objetos dessa igreja e de outras construções destruídas podem ser vistas nos museus da cidade, como o Museu das Bandeiras.

Rio Vermelho cortando a cidade
Rua Moretti Foggia
  • Clima:

Localizada em meio as montanhas, a cidade tem no geral um clima bem ameno, com um verão chuvoso e um inverno seco. Eu visitei a cidade em pleno inverno e o que eu menos senti foi frio haha, com a temperatura na casa dos 30 graus. Então, é bom levar roupas leves e um casaco de frio não tão grosso, caso o tempo mude. Ir de tênis também é imprescindível, isso porque como as ruas são de pedra, é muito fácil você escorregar ou tropeçar nelas (como eu fiz inúmeras vezes, mesmo estando de tênis). Inclusive, eu vi 2 pessoas tropeçando e caindo na minha frente em apenas um dia na cidade, então é sempre bom evitar isso.

Rua Senador Eugênio Jardim e seu calçamento de pedra
  • O que fazer na cidade?

Bem, atrações históricas e culturais não faltam. São inúmeras igrejas, museus e centros de arte, isso sem falar na arquitetura do seu centro histórico. O conjunto arquitetônico colonial da Cidade de Goiás é um dos maiores e mais bem preservados do país, tendo sido a primeira cidade histórica a terminar o PAC, um programa de restauração e preservação do IPHAN- Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional. Apesar disso, reparei que alguns poucos casarões, infelizmente, apresentam pichações e várias ruas, principalmente as pequenas e  as pouco movimentadas vielas, estão com bastante lixo e entulho. Mas não ligue para isso, no final você com certeza vai sair encantado desse lugar.

Museu das Bandeiras

Os lugares que eu visitei foram:

Museu das Bandeiras

Quartel do Vigésimo Batalhão de Infantaria

Praça Brasil Caiado e Chafariz de Cauda

Igreja da Boa Morte e Museu de Arte Sacra

Museu da Polícia Militar

Palácio dos Arcos

Praça do Coreto

Praça do Coreto

Igreja Matriz de Sant’Anna

Mercado Municipal

Igreja São Francisco de Paula

Hospital de Caridade São Pedro de Alcântara

Igreja de Nossa Senhora do Carmo

Cruz do Anhanguera

Cine teatro São Joaquim

Museu Casa de Cora Coralina

Museu Casa de Cora Coralina

Igreja de Nossa Senhora do Rosário

Fórum

Igreja de Nossa Senhora D’Abadia

Cemitério de São Miguel

Igreja de Santa Bárbara

A Igreja de Santa Bárbara fica localizada no alto de um morro, proporcionando contato com a natureza e uma belíssima vista da região.

Todo o meu roteiro foi feito a pé e ao longo de um dia. Para quem tiver interesse, no Centro de Informações Turísticas, assim como em alguns estabelecimentos comerciais, é possível adquirir o Passaporte Cultural Cidade de Goiás, folheto com inúmeras informações sobre a história da cidade e suas atrações turísticas. Eu adquiri o meu no hostel onde estava hospedado e custou R$10,00.

Se depois do passeio bater aquela fominha, o centro histórico tem algumas opções interessantes que você pode conhecer clicando aqui.

As casinhas da cidade são super fofas <3
  • Atrações além do Centro Histórico:

Além do centro histórico, Goiás guarda outras interessantes atrações, como o Arraial da Barra, popularmente conhecido como Buenolândia, por acreditar que ali, Bartolomeu Bueno tenha feito o primeiro povoamento da região, ou seja, seria o marco zero de Goiás.

Já o Arraial do Ferreiro abriga a Igreja de São João Batista, uma das mais antigas e simples de toda a região e que ainda conserva um pequeno cemitério em seu terreno. No Povoado de Areias, no km 10 da GO-070, quase na entrada da cidade, se localiza a Igreja de Nossa Senhora Aparecida. De estilo eclético, ela foi construída sobre um outeiro e nela acontecem as celebrações do dia da padroeira.

O Caminho de Cora Coralina é uma espécie de Estrada Real de Goiás e correspondente à parte do antigo Caminho de Goiás, ligando Minas Gerais as minas da região.

Na Chácara D. Sinhá, o visitante pode fazer o Caminho de Letras e Árvores, onde é possível conhecer mais sobre 4 escritoras goianos – Rosarita Fleury, Paulo Bertran, Bernardo Élis e José Veiga – em meio a muita natureza.

Falando em natureza, a região é cercada por uma densa vegetação repleta de trilhas e cachoeiras, isso sem falar na Serra Dourada, parque estadual que fica bem próximo da cidade.

Goiás é cercada por muita natureza :3

Uma das melhores épocas para visitar a Cidade de Goiás é durante a semana santa, que é quando ocorre a Procissão do Fogaréu, uma das mais tradicionais e famosas celebrações católicas do estado, onde é encenada a prisão de Jesus Cristo. Tem início a partir da meia noite da quinta feira santa em frente a Igreja da Boa Morte e percorre outras igrejas do centro histórico, sendo que as luzes da região são todas apagadas para que a procissão seja iluminada apenas pelas tochas que são levadas por pessoas de trajes típicos, os Farricocos.

Igreja de São Francisco de Paula é uma das igrejas percorridas pela procissão do Fogaréu.
  • Como chegar:

Avião: o aeroporto mais próximo fica em Goiânia e a partir dele você pode escolher seguir de carro ou de ônibus.

Carro: Partindo de Goiânia, os 136 km que separam as duas cidade podem ser feitos em cerca de 1h30 de carro. É só seguir pela GO-070, rodovia asfaltada, bem sinalizada e que está quase toda duplicada (apenas o trecho já próximo da Cidade de Goiás ainda passa por obras). Saindo de Brasília (320 Km), é só seguir em direção a Anápolis pela BR-060, pegar a GO-222 até Inhumas e então seguir pela GO-070 até Goiás.

Ônibus: Os mesmos 136 km são percorridos em 3h, isso porque o ônibus vai fazendo paradas em todas as cidades que estão ao longo do caminho. A empresa que faz o trajeto é a Moreira (www.empresamoreira.com.br) e a passagem saiu por R$37,27 (valor para 2018). Realizei minha viagem de ida e volta com essa empresa e não tive problemas: os ônibus são confortáveis, pontuais e os funcionários são bem atenciosos. A venda de passagens pela internet também foi super tranquila, sendo que a mesma tem que ser retirada um pouco antes do horário da viagem no guichê da companhia. Em Goiânia, o embarque pode ser feito na Rodoviária (foi o meu caso) ou na Sub-rodoviária do Setor de Campinas.

O Terminal Rodoviário da Cidade de Goiás fica localizada na Av. Dário de Paiva Sampaio, a poucas quadras do centro histórico.

  • Se localize:

Rua Luiz Guedes Amorim
Para quem gosta de arte tumular, o Cemitério de São Miguel é o mais antigo da cidade.
Essas casinhas <3

Conheça as centenárias igrejas da Cidade de Goiás.

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