Como falar de Japão e automaticamente não lembrar do bairro da Liberdade?! Tradicional reduto oriental de São Paulo, é a maior e mais famosa referência da cultura nipônica na cidade e, provavelmente, do país.
Colorida, caótica e vibrante, a Liberdade também é a maior comunidade japonesa fora do Japão, além de ser um importante reduto de chineses e coreanos.
Mas a região nem sempre foi assim. Antes ocupada por escravos, desde o início de sua urbanização a Liberdade se tornou reduto de imigrantes portugueses e italianos que construíram inúmeros casarões e palacetes na região.
Com o passar dos anos, boa parte dessas construções foram transformadas em pensões e repúblicas de baixo custo para estudantes e imigrantes orientais, principalmente os japoneses, que começaram a chegar a partir da década de 1920 e que transformaram a região.
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Onde fica e como chegar
A Liberdade localiza-se na região central de São Paulo e faz parte dos distritos da Liberdade e da Sé, sendo facilmente acessada por:
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Metrô
Essa é a maneira mais prática e rápida de se chegar a Liberdade, já que o bairro é atendido por duas estações da Linha 1 – Azul: Japão-Liberdade, localizada na Praça da Liberdade (ponto mais central do bairro) e a São Joaquim, localizada na rua de mesmo x Avenida da Liberdade (ponto mais distante, já nos limites do bairro). Se você prefere conhecer a Liberdade como um todo, aconselho você a descer na Estação São Joaquim e ir desbravando as suas ruas até o coração do bairro.
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Ônibus
A região é atendida por várias linhas de ônibus, sendo que as principais paradas estão na Avenida da Liberdade e na Rua da Glória. Abaixo eu deixo o sentido a o nome de cada linha que atende o bairro:
314J-10 Parque Santa Madalena – Praça Almeida Jr.
314V-10 Vila Ema – Praça Almeida Jr.
N604-11 Metrô Jabaquara – Terminal Parque Dom Pedro II
715M-10 Jardim Maria Luiza – Largo da Pólvora
2123-10 Vila Medeiros – Liberdade
2127-10 Parque Edu Chaves – Liberdade
3139-10 Jardim Vila Formosa – Praça João Mendes
4114-10 Vila Gumercindo – Terminal Parque Dom Pedro II
5145-10 Terminal Sapopemba – Praça Almeida Jr.
5290-10 Domv. Domadema – Terminal Parque Dom Pedro II
4111-10 Vila Monumento – Praça da República
4115-10 Shopping Plaza Sul – Praça da República
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Carro
Apesar da praticidade, não aconselho visitar a Liberdade de carro, pois as ruas são estreitas e cheia de turistas, há muito trânsito e encontrar uma vaga para estacionar pode levar horas. Mas de qualquer forma, há vários estacionamentos na região, principalmente na Avenida da Liberdade, com valores que variam de R$ 10,00 (até 1h) à R$ 30,00 (o dia todo).
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O que visitar
A Liberdade é uma região bem grande e vários pontos interessantes infelizmente ficam escondidos e são pouco visitados. Por isso, decidi mostrar para vocês o roteiro que fiz, as atrações que visitei e os lugares onde comi e comprei durante as minhas andanças pelo bairro mais oriental de São Paulo.
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O charme das ruas
Todas decoradas com as tradicionais e fofinhas luminárias típicas, as ruas do bairro já são uma atração a parte. Então não deixe de andar por elas sem rumo e apreciar seus encantos. O bairro também apresenta bonitas construções com arquitetura eclética e art nouveau, sendo que muitas delas tiveram suas fachadas estilizadas.
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Largo da Pólvora
Essa pequena praça na esquina da Avenida da Liberdade com a Rua Américo de Campos está estritamente ligada ao início da urbanização do bairro.
Assim como outras regiões de São Paulo, a Liberdade surgiu a partir do loteamento de chácaras ali existentes no século XIX, mas até então, o bairro era considerado uma área periférica conhecida como Bairro da Pólvora, devido a Casa da Pólvora, construída em 1754 onde hoje se encontra o largo de mesmo nome.
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Avenida da Liberdade
A antiga Rua da Pólvora passou a se chamar Liberdade em março de 1952, se tornando uma das mais movimentadas da região central e a principal ligação entre a Sé e o Paraíso. Tem ao longo de sua extensão várias lojas e agências bancárias.
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Catedral Metodista de São Paulo
A bela sede da Igreja Metodista Central de São Paulo foi inaugurado em 17 de julho de 1922 pelo Reverendo Miguel Dickie. Em 2005 foi elevada a condição de Catedral.
Endereço: Av. da Liberdade, 659.
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Casa de Portugal
Resquício da época em que a região abrigava descendentes de portugueses, a Casa de Portugal foi criada em 3 de Julho de 1935 e visa preservar a tradição, história e cultura dos portugueses na cidade de São Paulo. Já o imponente edifício onde está instalado foi construído em 1956 a partir de um projeto do arquiteto Ricardo Severo.
Endereço: Av. da Liberdade, 602.
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Praça e Feira da Liberdade
Até 1891, o lugar onde hoje se encontra a famosa Praça da Liberdade era o Largo da Forca, onde inúmeros criminosos e escravos eram executados em praça pública. Já o atual nome da praça lembra a abolição da escravatura no Brasil, em maio de 1888.
E é nessa praça que ocorre há mais de 30 anos a popular Feira da Liberdade, lugar onde é possível encontrar os mais variados produtos, desde artesanato, gastronomia e arte. Aqui também ocorre festivais orientais populares como o Ano Novo Chinês e o Tanabata Matsuri, o Festival das Estrelas.
Endereço: Localiza-se entre a Avenida da Liberdade e as ruas Galvão Bueno e dos Estudantes.
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Capela de Nossa Senhora dos Aflitos
Depois de executadas no Largo da Forca, boa parte dos corpos eram encaminhados para o popularmente conhecido Cemitério dos Enforcados, que se localizava ali ao lado, entre as atuais ruas Galvão Bueno, Estudantes e Glória.
Fundado em 1779, esse foi o primeiro cemitério público de São Paulo. Agora, do antigo cemitério, sobrou apenas essa pequena capela dedicada à Nossa Senhora dos Aflitos.
Endereço: Rua dos Aflitos, 70.
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Igreja de Santa Cruz das Almas dos Enforcados
Diz a lenda que a pequena Igreja de Santa Cruz dos Enforcados foi construída em homenagem à um soldado que ao ser enforcado ali em frente, reclamou sobre salários atrasados com a Coroa Portuguesa.
A corda da forca rompeu três vezes e o soldado acabou sendo morto com pancadas. O episódio sensibilizou as pessoas ali presentes, que gritavam “Liberdade, Liberdade!”. Inclusive essa é uma das hipóteses para o nome do bairro.
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Rua dos Estudantes
Parece uma via qualquer, passando quase despercebida em meio à grande movimentação do bairro, mas essa rua tem uma das histórias mais interessantes da Liberdade. A começar pelo seu nome, que foi uma homenagem aos inúmeros estudantes (principalmente da Faculdade de Direito) que ali moravam em pensões e repúblicas.
Ali também morou Álvares de Azevedo e Bernardo Guimarães, dois importantes nomes da nossa literatura. Dizem também que foi em um dos sobrados da rua que Dom Pedro conheceu sua amante Domitila de Castro Canto e Mello, a Marquesa de Santos.
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Rua Galvão Bueno
Principal rua comercial do bairro, a Galvão Bueno é repleta de lojas, mercados típicos e restaurantes, além de ser palco de constantes apresentações artísticas e culturais. É nela que se localiza também o Jardim Oriental, o Portal Japonês e parte da Feira da Liberdade.
Ao contrário do que muita gente pensa, seu nome não é uma homenagem ao comentador esportivo da Rede Globo, mas sim à Carlos Mariano Galvão Bueno, professor e advogado que morreu afogado em maio de 1883 durante uma pescaria no Rio Tamanduateí.
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Torii
Esse tradicional portal japonês fica localizado na Rua Galvão Bueno, bem na entrada do viaduto Cidade de Osaka e é um dos maiores símbolos do bairro.
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Jardim Oriental da Liberdade
Localizado na Rua Galvão Bueno, o jardim é cheio de vegetação, lagos e pedras que fazem referência a misticidade cultural do oriente.
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Viaduto Cidade de Osaka
Até meados da década de 1960, a Liberdade era conhecida principalmente por seus cinemas, como o Nippon, o Joia, o Tokyo e principalmente o Cine Niterói, o primeiro deles.
Porém, com o crescimento desenfreado da cidade, vários cinemas e outras construções históricas do bairro foram demolidas para dar lugar à Ligação Leste-Oeste, avenida que mudou completamente o panorama do bairro, o dividindo em duas partes.
O viaduto (que presta homenagem a cidade japonesa de Osaka) é a principal ligação entre elas e oferece uma belíssima vista.
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Museu Histórico da Imigração Japonesa
Inaugurado em junho de 1978 pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa, o museu conta com um acervo de mais de 97 mil peças entre fotografias, livros, filmes e indumentárias japonesas. A abertura oficial do museu contou com a presença do então príncipe herdeiro do Japão, Akihito.
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Visite os templos budistas
Os imigrantes orientais trouxeram não apenas a arquitetura e a culinária típica para o bairro, mas também a sua religião. Por isso, é possível encontrar inúmeros templos budistas na Liberdade.
O Templo Busshinji da Liberdade faz parte dos templos Eiheiji e Sojiji e propaga o budismo japonês Sotozenshu.
Já o Templo Lohan tem como base o Budismo Chan e o Shaolin Kung Fu, criado na China há mais de 1500 anos atrás.
Para visitá-los, é aconselhável agendar um horário previamente.
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Onde comer
Não podemos falar da Liberdade e não citar o roteiro gastronômico do bairro. São inúmeros restaurantes japoneses, chineses, coreanos, taiwaneses e tailandeses, lanchonetes, mercados e padarias para os mais diferentes estilos, gostos e bolsos. Alguns, inclusive, oferecem karaokê.
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Restaurantes e lanchonetes
As principais ruas gastronômicas da Liberdade são a Thomaz Gonzaga, dos Estudantes e da Glória.
Na Rua Thomaz Gonzaga, os mais conhecidos são o Espaço Kazu, Komei Restaurante, Hinodê, Yamaga e Kenzo Sushi, especializados em comida japonesa. Outras opções interessantes são o Restaurante Sweet Heart (culinária taiwanesa) e o Thai Chef (culinária tailandesa).
No finalzinho da Rua da Glória, eu resolvi provar pela primeira vez a peculiar culinária coreana no Portal da Coréia. um dos mais famosos e bem avaliados restaurantes asiáticos de Sampa. Com preços que variam muito de prato para prato, ficando na faixa de 50 reais por pessoa, o restaurante conta com bom atendimento e cardápio variado.
Como não sou conhecedor da comida coreana, fiz o pedido de acordo com a foto no menu – só não lembro o nome dos pratos =( , comi e no final não cheguei à uma conclusão se gostei ou não de comida coreana 😶. Acho que é melhor comprovar isso quando eu for à Coréia haha. Mas no geral achei a comida um pouco sem gosto.
Outras opções na Rua da Glória são o Rong He (culinária chinesa), Samurai (culinária japonesa) e o TOP POT (culinária taiwanesa).
Também foi ali na Liberdade, em um pequeno estabelecimento na Rua dos Estudantes – n°37, que eu comi o pastel de frango (R$ 9,50) mais gostoso da minha vida, no Yoka Pastéis. Ali também há pastéis doces e salgados.
Mas se você não é muito fã de culinária oriental, o Restaurante Café Sol, localizado na esquina da Rua Galvão Bueno com a Rua dos Estudantes, é uma boa opção. Com bonita decoração e cardápio variado, os pratos da casa ficam na faixa de R$ 50,00 e são bem servidos, como é o caso do Prato Paulista (R$ 44,00).
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DOCES
Também na Rua dos Estudantes – n°24, fica a Bakery Itiriki, onde comi alguns docinhos maravilhosos. Sério, a vitrine dessa padaria é coisa de outro mundo 😍.
Já se você estiver procurando sorvetes, o Yoguti na Praça da Liberdade – n°143, oferece uma boa variedade dos chamados “frozen yogurt”.
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MERCADOS E EMPÓRIOS
Não deixe também de visitar os tradicionais mercadinhos e empórios da região, que vendem os mais diversos e exóticos produtos do oriente. Eles tem corredores apertados e estão sempre lotados, mas tem um charme único que você só encontra na Liberdade. Alguns destaques são:
O Empório Towa (Praça da Liberdade, n°113) é um dos mais modernos e diversos do bairro, com destaque principalmente para a venda de cogumelos.
Um dos mais famosos e visitados, o Empório Azuki (Rua Galvão Bueno, n°16) vende uma grande variedade de produtos orientais, mas também de produtos nacionais.
No Korea Mart (Rua dos Estudantes, n°41) você encontra alimentos, lembrancinhas, itens de cozinha e muitas outras coisas típicas e também produtos nacionais.
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Compras
A Liberdade é um dos melhores lugares para se fazer compras em São Paulo. Isso porque há várias galerias e centros comerciais que vendem não apenas produtos típicos do oriente, mas qualquer tipo de produto que imaginar. O Sogo Plaza Shopping, Shopping Lotte e o Shopping Trade Center são os mais famosos.
Mas há também várias lojas espalhadas principalmente pela Rua Galvão Bueno e que vendem presentes, cama, mesa e banho, decoração, jóias e semijoias, cosméticos, roupas, calçados e eletrônicos.
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Dicas
– Utilize calçados confortáveis para circular pela Liberdade, dando preferência para tênis. Isso porque as ruas são antigas e má conservadas e há algumas ladeiras.
– Tome cuidado com seus pertences pessoais, pois batedores de carteira podem se aproveitar do seu momento de “bobeira” e te furtar. Inclusive, em dias de maior movimento é quase impossível transitar pelas ruas centrais da Liberdade devido a grande quantidade de pessoas, prato cheio para pessoas mal intencionadas agirem.
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Se localize
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Quando ir a São Paulo
A cidade de São Paulo, no Brasil é um destino turístico popular durante todo o ano. No entanto, dependendo das suas preferências e objetivos de viagem, algumas épocas podem ser mais adequadas do que outras.
De forma geral, a cidade apresenta variações climáticas consideráveis ao longo do ano, com períodos mais secos e quentes e outros mais úmidos e frios.
Entre maio e setembro, durante o inverno e início da primavera, as temperaturas em Sampa são mais amenas, variando entre 12°C e 23°C, e a probabilidade de chuva é menor.
Já se você não se importa com o frio e quer aproveitar ao máximo as atividades culturais e eventos da cidade, a melhor época para visitar São Paulo é entre junho e agosto. Apesar de ser o período mais frio do ano, com temperaturas médias em torno de 15°C, é quando acontecem alguns dos maiores festivais da cidade, como a Festa Junina, a Parada do Orgulho LGBT e o Festival Internacional de Teatro.
Já se você está em busca de agitação e animação, a melhor época para visitar São Paulo é durante o Carnaval, que acontece em fevereiro ou março, dependendo do ano. Nesse período, a cidade é tomada por blocos de rua, desfiles de escolas de samba e muitas festas.
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Onde se hospedar em São Paulo
A rede hoteleira de Sampa é bastante diversificada, com opções que vão desde hotéis econômicos até hotéis de luxo 5 estrelas, justamente por ser o centro financeiro e comercial do Brasil e ter uma rica oferta cultural e turística, o que atrai muitos viajantes a negócios e a lazer.
Abaixo deixo algumas indicações bacanas para vocês e que são de fácil acesso às marginais:
– Sheraton São Paulo WTC Hotel: hotel 5 estrelas localizado na região da Berrini e a diversas empresas e comodidades. Os quartos são espaçosos e confortáveis, com decoração moderna. O hotel conta com piscina, academia, spa e restaurante.
– Hilton São Paulo Morumbi: outro hotel 5 estrelas localizado próximo à Marginal Pinheiros, com vista para a Ponte Estaiada. Os quartos são amplos e confortáveis, com decoração elegante. O hotel oferece piscina, academia, spa e restaurante.
– Pullman São Paulo Vila Olímpia: hotel 4 estrelas localizado na região da Vila Olímpia e com quartos modernos e confortáveis e decoração contemporânea. O hotel oferece piscina, academia, spa e restaurante.
– Mercure São Paulo Nações Unidas: hotel 3 estrelas localizado na região da Chácara Santo Antônio, próximo à Marginal Pinheiros e ao Transamérica Expo Center. Os quartos são simples, mas confortáveis. O hotel oferece academia, restaurante e estacionamento.
– Ibis Styles São Paulo Faria Lima: hotel 3 estrelas localizado na região da Faria Lima e a diversas empresas. Os quartos são modernos e aconchegantes, com decoração colorida. O hotel oferece café da manhã, academia e estacionamento.
– Ibis São Paulo Morumbi: hotel 3 estrelas localizado na região do Morumbi e a diversos shoppings. Os quartos são simples, mas confortáveis, oferecendo café da manhã, restaurante e estacionamento.
– Travel Inn Live & Lodge Ibirapuera: hotel 3 estrelas localizado próximo ao Parque do Ibirapuera, na região da Vila Clementino. O hotel oferece piscina, academia e estacionamento.
Lembre-se de verificar a disponibilidade, preços e outras informações relevantes diretamente com as acomodações.
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Rafa, amei!! Acabei de voltar da Liberdade e vi essa capela da alma dos aflitos ou algo assim e achei tão interessante que resolvi buscar mais informações sobre o bairro. Sua página me ajudou demais e me deu voltande de voltar. Obrigada 🙂
Oiee, Nath.
Fico muito feliz que tenha gostado do post. A Liberdade respira história e visitá-la sabendo do seu passado traz uma experiência muito mais rica. 🙂