Todos os anos, milhares de católicos no mundo saem às ruas para celebrar o Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo e que surgiu na Idade Média com o objetivo de homenagear a Eucaristia. No Brasil, a festividade religiosa é uma das mais populares, marcada principalmente pelas procissões que passam por ruas ornamentadas com grandes tapetes feitos de serragem.
Apesar da data religiosa ter sido instituída em 1264 pelo Papa Urbano IV, foi apenas na década de 1960 que o costume de enfeitar as ruas com tapetes no caminho da procissão começou em pequenas cidades do interior do Brasil, principalmente nas cidades paulistas.
Em São Paulo, uma das mais antigas e bonitas celebrações de Corpus Christi é a de São Luiz do Paraitinga, onde todos os anos, as ruas do Centro Histórico ficam coloridas e enfeitadas com tapetes, imagens sacras e típicas vestimentas.
São Luiz do Paraitinga é um pequena cidade com 10 mil habitantes localizada no Vale do Paraíba, no eixo entre Ubatuba, no litoral, e Taubaté, no interior. Com 250 anos de história, a cidade tem o maior número de casas térreas e sobrados tombados pelo CONDEPHAAT no Estado de São Paulo e pelo IPHAN. São aproximadamente 450 imóveis declarados de interesse paisagístico, todos eles localizados em seu centro histórico, cercado por montanhas e as margens do Rio Paraitinga. Aliás, foi o transbordamento desse mesmo rio que em janeiro de 2010 destruiu boa parte desse conjunto arquitetônico, incluindo a Igreja Matriz, o que causou grande comoção nacional na época.
Reconstruído, o Centro Histórico voltou a receber os tradicionais tapetes de Corpus Christi, tradição que todos os anos atrai milhares de turistas e que se tornou um dos principais eventos da cidade, junto com o Carnaval e a Festa do Divino Espírito Santo.
Seguindo a tradição, os tapetes começam a ser montados sempre um dia antes do feriado santo – os moradores se reúnem e cada um confecciona um pedaço do tapete, em um belo e delicado trabalho em equipe. Além da serragem colorida, os tapetes são feitos a partir de palha de arroz, cascas de ovos, borra de café, cal, folhas, flores e entre outros materiais.
A procissão começa a tarde, por volta das 14h, após uma celebração na Igreja Matriz. Já os tapetes ficam prontos no início da manhã – quando são feitos últimos retoques.
Eu estive visitando a cidade em 31 de maio de 2018, no dia do feriado santo, e a cidade estava toda enfeitada logo pela manhã. Esse, inclusive, é o melhor horário para admirar com calma os belos tapetes, já que depois do almoço as ruas costumam ficar bem cheias, principalmente na hora da procissão. O pouco movimento da manhã também proporciona conversas mais calorosas com os locais: dois moradores me abordaram na praça da matriz e me contaram muitas histórias da cidade.
Eu também aproveitei minha estadia na cidade para dar um giro completo pelo Centro Histórico, um dos mais bonitos do país.
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