Cemitério da Recoleta: histórias, lendas e arte em Buenos Aires

Muita gente ainda torce o nariz para arte tumular – eu acho simplesmente maravilhoso – mas nos últimos anos, houve um crescimento muito grande do turismo cemiterial, onde cemitérios de todo o mundo passaram a ser incluídos como pontos turísticos e históricos importantes das cidades, se tornando museus a céu aberto.

Um deles é o Cemitério da Recoleta em Buenos Aires, que é atualmente, ao lado do parisiense Père-Lachaise, um dos mais conhecidos e visitados do mundo.

Pórtico da entrada principal onde se lê “descanse em paz” em latim

A fama do cemitério portenho se deve a ostentação, imponência e luxo das lápides e túmulos, um retrato do momento econômico vivido pela Argentina no início do século XIX, quando era um dos países mais prósperos do continente e onde as famílias mais influentes do país disputavam entre si para ver quem construía o maior mausoléu.

Isso sem falar na grande quantidade de personalidades argentinas ali enterradas, como ex-presidentes, ministros, generais, artistas do cinema, teatro e televisão, escritores, ganhadores do Nobel, entre muitos outros.


  • Sua construção

Inaugurado em 1822, através de um projeto do arquiteto francês Próspero Catelin, a Recoleta tem ao todo 4.691 sepulturas, sendo que 94 foram declarados patrimônio histórico nacional, incluindo o mausoléu da família de Eva Perón, o mais famoso deles (e também um dos mais simples).

Inclusive, a maioria dos turistas que visitam o local acabam indo direto para o túmulo de Evita e esquecem das demais obras. Uma pena, já que o cemitério é fantástico, rico em arte e história. Eu mesmo passei 3 horas fácies percorrendo suas alamedas que mais parecem um labirinto.

Mausoléu da Família Duarte, onde estão os restos mortais de Evita Perón


  • Histórias e lendas da Recoleta

Falando em história, muito dos mausoléus do Cemitério da Recoleta estão envolvidos em histórias de amor, ódio, fatalidades, disputas, promessas e homenagens, sendo que muitas delas trazem legendas ou esculturas que rementem a sua história. Vamos conhecer algumas?

A menina e seu cachorro

Uma delas é a de Liliane Crociati, que morreu durante uma avalanche em sua lua-de-mel. Ela foi enterrada com seu vestido de noiva em uma sepultura que reproduz seu quarto e que tem uma estátua de corpo inteiro a representando junto com seu cachorro Sabú, que curiosamente morreu no mesmo dia que ela, mesmo estando distante inúmeros quilômetros.

O zelador

Outra história curiosa do Cemitério da Recoleta é a de Davi Allendo, zelador do cemitério por mais de trinta anos e que tinha o sonho de ser ali enterrado e que depois de ganhar um prêmio na loteria, viajou até a Itália para encomendar seu próprio mausoléu. Diz a lenda que pouco depois que o mesmo ficou pronto, Allendo teria se suicidado para assim poder ser enterrado ali.

O ódio eterno

Salvador María del Carril foi uma importante figura pública argentina: vice-presidente constitucionalista, governador de San Juan e Ministro de Governo. Porém, apesar dos importantes cargos, ele é mais lembrado no cemitério pelo conflituoso relacionamento que tinha com sua esposa Tiburcia.

Depois de uma briga, eles ficaram por mais de 30 anos sem se falar. Ele, inclusive, fez uma carta pública dizendo que estava cansado das dívidas de sua mulher e não pagaria mais por isso.

Quando ele faleceu, Tiburcia mandou construir um grandioso mausoléu com uma estátua dele olhando para o sul. Quinze anos depois, quando ela morreu, seu último desejo era que seu busto fosse colocado de costas para o dele, já que seu ódio pelo marido duraria toda eternidade. E assim permanece.

A jovem enterrada viva

Já Rufina Cambaceres, filha do escritor Eugenio Cambaceres, foi encontrada desacordada em seu quarto no mesmo dia em que completaria 19 anos. Sua morte foi confirmada por um médico e seu corpo enterrado no dia seguinte. Dias depois, porém, funcionários da família encontraram seu caixão aberto e a tampa quebrada.

Diz a lenda que Rufina teria sofrido um ataque de catalepsia e consequentemente  foi  enterrada viva. Alguns dizem que o túmulo foi saqueado, porém, foram encontrados arranhões no interior do caixão. Em seu mausoléu, a escultura de uma menina segurando uma maçaneta chama a atenção, pois representaria o seu desejo de entrar ou sair do mundo dos mortos.

Noiva do rio de la Plata

Outra história trágica envolve Elisa Brown, filha do Almirante Brown, que perdeu seu noivo em um conflito, o comandante Francis Drummond, que havia ido lutar sob as ordens de seu sogro na Guerra Cisplatina. Desconsolada, Elisa se jogou nas águas do rio de la Plata com o vestido de noiva que havia sido encomendado para seu casamento e morre afogada. Já seus restos mortais foram colocados em uma urna feita com o bronze fundido de um dos canhões da embarcação que Francis usou na guerra.

Túmulo de Elisa Brown
  • Alguns outros túmulos imponentes da Recoleta


  • Outras atrações nos arredores

Localizado no coração da Recoleta, um dos bairros mais nobres de Buenos Aires, o Cemitério é também um popular local de convivência dos portenhos, que utilizam seus jardins para ler, fazer piqueniques e descansar.

Saindo do cemitério, não deixe de apreciar o conjunto de praças em frente a entrada principal, repleto de Monumentos e que estava sediando uma pequena feira de artesanatos.

A Igreja de Nossa Senhora del Pilar e o Centro Cultural da Recoleta (antigo Convento dos Padres Recoletos, ligada a Ordem Franciscana e que deu origem ao nome do bairro) também ficam localizados ao lado.

Igreja del Pilar
Jardins em frente ao Cemitério da Recoleta

  • Se localize


  • Melhor época para ir

A melhor época para visitar Buenos Aires, capital da Argentina, depende das preferências individuais dos viajantes. Buenos Aires possui um clima subtropical úmido, com estações distintas. Aqui estão algumas informações sobre as diferentes épocas do ano em Buenos Aires:

Primavera (setembro a novembro): a primavera é uma época agradável para visitar Buenos Aires, já que as temperaturas são amenas, variando entre 15°C e 25°C, e há menos chuvas em comparação com o verão. É uma época em que a cidade fica florida, e há diversos eventos culturais e festivais acontecendo.

Verão (dezembro a fevereiro): o verão em Buenos Aires é quente e úmido, com temperaturas que podem chegar a 35°C, sendo janeiro e fevereiro os meses mais quentes do ano e com chuvas ao final do dia.

Outono (março a maio): o outono é uma das melhores épocas para visitar a cidade, já que as temperaturas variam entre 12°C e 22°C, menos turistas e preços mais baixos em hospedagem. É uma época ideal para explorar a cidade a pé, visitar parques e desfrutar das famosas cafeterias e restaurantes.

Inverno (junho a agosto): O inverno em Buenos Aires variam entre 7°C e 15°C, sendo um ótimo período para desfrutar de museus, tango e uma gastronomia deliciosa em lugares aconchegantes.


  • Onde se hospedar em Buenos Aires

A rede hoteleira de Buenos Aires é bastante diversificada, com opções que vão desde hotéis econômicos até hotéis de luxo 5 estrelas, justamente por ser o centro financeiro e comercial da Argentina e ter uma rica oferta cultural e turística, o que atrai muitos viajantes a negócios e a lazer.

Unique Executive Central: localizado no centro de Buenos Aires, ao lado da Plaza de La República, esse hotel boutique oferece quartos com pelo menos 26 m², além de TV a cabo, cofre, telefone e outras comodidades.

Up Hotel Recoleta: localizado a 100 m da Avenida Libertador oferece 38 quartos com banheiro privativo, TV a cabo, ar-condicionado e serviço de quarto.

Palermo Bridge: esse hotel conta com serviço de concierge, quartos antialérgicos, jardim e lounge compartilhado. Fica próximo dos Bosques de Palermo.

Ibis Buenos Aires Obelisco: localizado na Avenida Corrientes, a 400 metros do Obelisco de Buenos Aires, oferece bar no local, business center e quartos com ar-condicionado.

Alvear Art Hotel: localizado ao lado da histórica Plaza San Martín, esse hotel de luxo tem quartos com banheiros luxuosos revestidos em mármore, banheira de hidromassagem e roupa de cama de algodão egípcio. Tem spa, academia, bar e restaurante.

Lembre-se de verificar a disponibilidade, preços e outras informações relevantes diretamente com as acomodações.


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Uma resposta a “Cemitério da Recoleta: histórias, lendas e arte em Buenos Aires”

  1. Excelente noite!
    Estive em Buenos Aires 2018. Estive visitando o cemitério da Recoleta, na qual fiz algumas filmagens, em alguns túmulos. E uma pessoa, apareceu pra mim, perguntou se ele podia me mostrar os túmulos que eu estava procurando. Eu disse que sim. Então fui acompanhada deste senhor. Então conforme fomos andando, percebi que ele era o cuidador atual do cemitério. Quarta saber qual é o nome do cuidador atual do cemitério da Recoleta, tenho até uma foto com ele. Se puderem me ajudar, fiquei sem saber o nome dele.

    Gratidão
    Luciene Farias
    19 971536601

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