O Chile é um país de belezas surreais, que vão desde as imensas geleiras do sul ao clima seco e inóspito do norte, onde se localiza um dos lugares mais fantásticos do mundo, o Deserto do Atacama. Ocupando uma área de mais de 1000 km de extensão na região chamada de Antofagasta, na fronteira com a Bolívia, Argentina e o Peru, o Atacama é o deserto mais alto e arrido do mundo.
Mas nas redondezas da pequena cidade de San Pedro, bem no meio do deserto, uma nova paisagem se revela no Parque Nacional Los Flamencos, reserva natural criada em 1990 e que preserva em seu interior as atrações mais famosas do Atacama. São vulcões, termas de águas quentes, lagoas de cores diversas, geysers, cânions, salares e pequenos vilarejos que nos mostram o quanto um deserto pode ser diverso e surpreendente.


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Quando ir e quantos dias ficar:
Antes de tudo vale lembrar que no deserto a amplitude térmica é muito marcante. No verão, os dias são mais quentes e a noites frias e pode chover em alguns lugares isolados. No inverno, os dias são menos quentes, e as noites mais frias, em torno de 0 graus (podendo facilmente ficar negativa em alguns pontos). Eu fui em janeiro, mês de férias em pleno verão e peguei temperaturas amenas durante a noite e o dia. Os meses de férias também causam impacto no número de visitantes, a procura aumenta e consequentemente os preços também.
Já sobre quantos dias ficar, isso vai variar muito do perfil de cada viajante. Porém, se você quiser curtir com calma todas as principais atrações da região, uma semana seria suficiente. Caso não tenha tanto tempo e dinheiro, em três dias é possível conhecer os principais lugares. Eu e o Dan, meu companheiro de viagem, ficamos apenas dois dias e três noites e foi suficiente para irmos aos lugares que mais desejávamos conhecer: Valle de la Luna, Lagunas Altiplanicas, Salar de Atacama e Piedras Rojas. Mas há inúmeras outras atrações como as Termas de Puritama, Geysers del Tatio, Laguna Cejar, Salar de Tara e a escalada à vulcões.



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Como chegar:
A cidade base para conhecer as principais atrações do Atacama é San Pedro de Atacama, comuna pertencente a província de El Loa. Com cerca de 2 mil habitantes, a cidade tem boa variedade de hospedagens e serviços – com preços bem salgados por sinal.
Avião, carro ou ônibus são as maneiras mais comuns de se chegar a San Pedro a partir de Santiago, sendo o avião a maneira mais cômoda e rápida – porém, também pode ser a mais cara de todas.
O aeroporto mais próximo fica na cidade de Calama. De lá, será necessário pegar um ônibus público ou transfer até San Pedro – a viagem dura cerca de 1h30.
Aqui então vale a dica de pesquisar passagens aéreas constantemente e com certa antecedência, porque do nada eles lançam promoções do trajeto entre Santiago e o Atacama mais baratas que as passagens de ônibus, por exemplo. As principais companhias que fazem o trajeto são a Lan Chile, Sky e a lowcost Jetsmart. Dependendo do destino de origem, até existem voos diretos até Calama, porém eles costumam ser mais caros do que ir até Santiago e depois Calama.
Estando na capital, o trajeto de carro ou de ônibus até San Pedro vai ser praticamente o mesmo, com a única diferença que o ônibus faz constantes paradas pelo caminho, o que faz a viagem durar exatamente 24 horas. Apesar disso, acabamos escolhendo essa opção por ser a mais barata naquele momento.
Como estávamos em Santiago, foi preciso ir até o Terminal Alameda para pegamos o ônibus da empresa Turbus . A passagem foi comprada com alguns dias de antecedência, pois ficamos com medo de não haver assentos disponíveis para o dia que sugerimos e pagamos 35 mil pesos por pessoa em um ônibus de dois andares semi-leito.
Saindo da região metropolitana de Santiago, a paisagem ao longo da rodovia não se altera, é sempre o deserto que nos acompanha em uma estrada bem sinalizada e asfaltada. As duas últimas paradas são em Antofagasta e em Calama, até finalmente chegarmos em San Pedro de Atacama, por volta das 19h. É impressionante ver aquele oásis enorme no meio do deserto .

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Onde ficar: Nossa hospedagem em San Pedro
Ficamos hospedados no Hostal Paso los Toros, hospedagem compartilhada próximo a rodoviária e uns 10 minutos da praça central de San Pedro, ou seja, uma excelente localização. A reserva foi feita pelo Booking e entre todas as opções que encontrei, essa era a mais barata naquela data: 220 reais por pessoa por três diárias.
Bem rústico e simples, o Paso de los Toros é uma boa opção para quem tem um estilo mais roots e procura uma imersão total na “vida do deserto”. Eu particularmente achei a acomodação bem desconfortável (e olha que eu adoro hospedagens assim).
Endereço: Calle Palpana, 346, San Pedro de Atacama.
Mas o turismo em massa dos últimos anos também deu um boom na infraestrutura da cidade, então é possível encontrar desde opções mais simples, com a que eu fiquei, até hotéis de médio e alto padrão.
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Meu roteiro – Dia 1:
Depois de ter reposto as energias perdidas na longa viagem de ônibus, saímos logo cedo do hostel para bater perna no centro da cidade (algo que não demora muito haha, já que San Pedro é um ovo) e fechar alguns passeios na região. A primeira parada foi na linda Igreja de San Pedro, a segunda mais antiga do Chile, construída ainda no período colonial.
Ao lado da igreja fica a Praça Central de San Pedro, principal área de convívio da cidade. Arborizada e com acesso ao Wi-Fi livre, é ao redor dessa praça que se localiza alguns restaurantes, a feira de artesanatos, a casa paroquial, a prefeitura, a sede da polícia e o Museu Gustavo Le Paige.



Outros pontos de interesse na região são o Museo del Meteorito e o Cemitério Municipal além claro, da arquitetura da cidade, que é uma atração a parte: as ruas são em sua maioria de terra e as casas seguem um padrão arquitetônico único, o que deixa tudo mais charmoso e lindo de se ver . A principal rua é a Calle Caracoles, onde se localizam a maioria dos bares e agências de viagem.



Seguindo até o final da Calle Caracoles e se você tiver sorte (como tivemos) é possível ver o pequeno Rio San Pedro cheio, algo que só acontece durante alguns dias do período de chuvas.
Depois dessas andanças no período da manhã, fomos procurar passeios para fazer na região. São inúmeras as agências de turismo e todas elas oferecem passeios parecidos, mas com valores bem diferentes entre si, então é bom sempre pesquisar.
Depois de visitar mais de 5 delas, fechamos um pacote de dois passeios com a Senda Mística, agência localizada na Calle Toconao, ao lado da Praça Central.
O primeiro passeio que fechamos foi para visitar naquela tarde mesmo o tão famoso Valle de la Luna, que custou 10 mil pesos chilenos por pessoa e incluíu transporte ida e volta + guia bilíngue.
O Valle é assim chamado por lembrar os vales lunares e é um dos lugares mais mágicos e lindos que estive – destaque para o Mirante do Coyote e a formação rochosa Três Marias.
Na volta, aproveitamos a agitada noite de San Pedro (me lembrou muito o Centro Histórico de Paraty), cheia de bares e restaurantes que ficam cheios de turistas de todo o mundo. É muito bom!

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Dia 2:
O segundo passeio que fechamos com a Senda Mística por 35 mil pesos por pessoa incluíu visitas ao vilarejo de Socaire, Monumento ao Trópico de Capricórnio, Piedras Rojas, Lagunas Altiplanicas, vilarejo de Toconao, Salar de Atacama e Laguna Chaxa + transporte ida e volta, café da manhã, almoço, café da tarde e guia em espanhol.
Algum desses lugares estão a mais de 4.000 metros de altura, o que pode ocasionar o mal de altitude, então fique sempre atento aos sintomas e beba bastante água.
O tour dura o dia todo e tem início por volta das 7h, quando uma van conveniada nos buscou em frente ao hostel. Nela haviam turistas da Argentina, Colômbia e do próprio Chile. No trajeto feito ao sul de San Pedro, a primeira parada é no vilarejo de Socaire, onde tomamos um reforçado café da manhã em um restaurante. De lá, seguimos caminhando pelas simpáticas ruas do vilarejo.



Conhecemos a Nova Igreja Matriz de Socaire…
… e também a Velha Igreja Matriz.
Um pouquinho adiante de Socaire fica nossa segunda parada, o Monumento ao Trópico de Capricórnio, que nada mais é que um símbolo para representar um dos cinco principais círculos de latitude que marcam mapas da Terra e que corta aquela parte do deserto.

De volta a van, seguimos para a terceira parada, Piedras Rojas. Trata-se de uma formação natural de pedras vulcânicas avermelhadas e cercada por lagos e grandes montanhas com picos nevados. É sem dúvidas o lugar mais lindo de todo o roteiro no Atacama – e olha que lugares bonitos não faltam.

Depois, seguimos até as lagoas Miscanti e Miñiques, que fazem parte das Lagunas Altiplanicas, também cercadas por montanhas e habitat de vários animais, como as famosas vicuñas.
Assim que chegamos na lagoa, o tempo fechou, começou a chuviscar e a temperatura caiu e muito – aqui vai outra dica: vá equipado com roupa de frio e capas de chuva, pois o tempo é bem instável na região.


Demos uma pausa para almoçar em um abrigo na região e logo em seguida, já iniciando o caminho de volta para San Pedro, passamos pelo Salar do Atacama, o maior deserto de sal do Chile e o terceiro maior do mundo. A paisagem é impressionante e encanta pelos pequenos espelhos d’água localizados em meio ao sal. Anexa ao Salar está a Laguna Chaxa, habitat de três espécies de belos flamingos e que dão nome ao parque nacional.



Pertinho do Salar fica o vilarejo de Toconao. Um pouco maior que Socaire, a vila tem uma charmosa praça central, imóveis construídos com pedras de origem vulcânica e é também fácil encontrar vicuñas por suas ruas. A parada foi de 20 minutos.


Depois de Toconao, retornamos por volta das 17h para San Pedro de Atacama. O dia rendeu hein! Como estávamos cansados, Eu e o Dan voltamos direto para o hostel para descansar, já que no dia seguinte iríamos acordar cedo para fazer a incrível travessia de 3 dias pelo Salar de Uyuni.
Porém, se você tiver disposição, tempo e dindim, aproveite mais uma vez a noite na cidade ou ainda faça o famoso tour astronômico, já que o deserto do Atacama é considerado um dos melhores lugares do mundo para observar as estrelas.
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