Um dia no Centro Histórico de São Luís do Maranhão

Única cidade brasileira fundada por franceses, em 1612, São Luís foi posteriormente invadida por holandeses e por fim colonizada pelos portugueses. E boa parte desse legado colonial, principalmente o português, pode ser observado em seu Centro Histórico, um dos maiores do país e que contém o maior conjunto arquitetônico tipicamente português fora de Portugal. São inúmeras ruas com casarões, palácios e igrejas que nos enchem os olhos e que nos dá a impressão de que a cidade parou no tempo.

Um fato curioso sobre esse sítio histórico é que devido ao clima quente e úmido da região, as construções de taipa, típicas da época, se tornavam pouco resistentes. A solução encontrada foi o uso de azulejos (trazidos de Portugal e pintados a mão) na impermeabilização das fachadas de taipa, se tornando essa a principal característica arquitetônica de São Luís. As plantas dos casarões também são em sua maioria em “L” ou em “U”. Mais de 3.000 desses imóveis estão tombados pelo patrimônio histórico estadual e 1.400 pelo IPHAN, desde 1974. Parte desse sítio também foi declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1997.

  • Atrações:

  • Palácio dos Leões

Atual sede do governo do estado do Maranhão, o Palácio dos Leões foi primeiramente inaugurado em 1626 para ser residência do governantes da Capitânia do Maranhão. Com o passar dos anos, inúmeras ampliações e reformas foram feitas no prédio, o que descaracterizou boa parte da estrutura original – atualmente mantém aspectos neoclássicos em sua fachada.

Seu nome faz referência aos dois leões esculpidos na entrada principal do edifício.

  • Avenida Pedro II

Essa histórica avenida começou a ser urbanizada em 1821 pelo Marechal Bernardo da Fonseca, tendo ganhado sua forma atual em 1904, após inúmeras intervenções. Nessa época ainda se chamava Avenida Maranhense.

  • Palácio da Justiça

O Palácio da Justiça Clóvis Bevilacqua foi inaugurado em 1948 pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra.

  • Palácio La Ravardière

Foi construído em 1689, mas passou por inúmeras reformas e alterações ao longo dos séculos. Seu nome presta homenagem a Daniel de la Touche, senhor de La Ravardière, considerado fundador da cidade – um busto em sua homenagem se encontra em frente ao palácio.

É atualmente sede da Prefeitura Municipal.

  • Catedral Metropolitana

A Catedral de Nossa Senhora da Vitória, mais conhecida como Catedral Metropolitana ou ainda Igreja da Sé, é a sede da arquidiocese de São Luís e a igreja mais importante da cidade. Fundada em 1677, a igreja foi demolida séculos depois e reconstruída. Sua bela fachada com torres foi concluída no início do século XX.

  • Palácio Episcopal

O palácio foi construído para abrigar o antigo Colégio de Nossa Senhora da Luz, pertencente a Companhia de Jesus. Sua características neoclássicas foram colocadas no século XIX e desde 2014 o segundo piso do palácio funciona como sede do Museu de Arte Sacra, que em 13 salas apresenta mais de 400 peças de diferentes períodos de nossa história.

  • Praça Benedito Leite

Antigo Largo do João Velho, a área foi urbanizada em 1820 com o objetivo de ser um jardim, recebendo o plantio de árvores e plantas. Em 1906, o governador Benedito Leite desenvolveu um ambicioso projeto de ali construir o Panteon Manhanense, com muitas árvores, jardins e esculturas para homenagear nomes importantes da história do estado. O projeto, no entanto, não foi concluído e a praça acabou recebendo o nome do referido governador na data de seu falecimento.

  • Beco Catarina Mina

Oficialmente Rua Djalma Dutra, esse pequeno beco é popularmente chamado de Catarina Mina, uma homenagem a escrava Catarina Rosa Pereira de Jesus. Conhecida por sua beleza, ela era natural da região de Costa da Mina (Guiné), tendo sido trazida ao Brasil no século XIX. Segundo relatos, ela conseguiu comprar sua alforria através de seu trabalho.

  • Rua Portugal

A mais famosa e célebre rua do Centro Histórico é a que melhor sintetiza a arquitetura colonial maranhense em São Luís, com grandiosos casarões azulejados, museus, lojas e muita arte. Antigamente chamada de Rua do Trapiche, recebeu o nome Portugal em 1906 em homenagem a visita do navio de guerra À Pátria, da Real Marinha Portuguesa.

  • Museu do Reggae

Primeiro museu do reggae aberto fora da Jamaica e o segundo no mundo com essa temática, o museu foi aberto em janeiro de 2018 com o intuito de preservar as tradições deste ritmo musical no Maranhão – não é à toa que São Luís é considerada a Jamaica brasileira. O ambiente abriga cinco salas de exposições: uma dedicada aos nomes do reggae maranhense e outras quatro homenageiam os grandes clubes de reggae da cidade.

  • Teatro João do Vale

Inaugurado em 2001 em um antigo depósito de açúcar, o teatro presta homenagem ao compositor maranhense João Batista do Vale (1934-1996). Tem capacidade para 400 pessoas.

  • Praça João Lisboa

Recebeu esse nome em 1901 em homenagem ao jornalista e escritor João Francisco Lisboa. Já em 1918 foi inaugurado um grande monumento em sua homenagem, no centro da praça, de autoria do escultor francês Jean Magrou – as cinzas do escritor estão ali depositadas.

  • Igreja do Carmo

Essa imponente igreja barroca foi originalmente construída em 1627 como parte da Ordem dos Capuchinhos. Anexado está o Convento do Carmo.

  • Teatro Arthur Azevedo

Principal casa de espetáculos da cidade, o Teatro Arthur Azevedo presta homenagem ao dramaturgo maranhense falecido em 1908 – antes, seu nome era Teatro São Luiz. Inaugurado em 1817 em estilo neoclássico, tem capacidade para mais de 750 pessoas.

  • Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos

Construída por escravos no século XVII, essa bela igreja barroca levou cerca de sessenta anos para ser concluída.

  • Capela de Santa Teresa

A Capela de Nossa Senhora da Anunciação e Remédios, anexada ao Colégio Santa Tereza,  guarda em seu interior um belo acervo de arte sacra, como a imagem barroca de Nossa Senhora da Conceição, conhecida como “Nossa Senhora das Missões”, esculpida em 1700.

  • Casa do Maranhão

Inaugurado em 2002, a Casa do Maranhão é um dos mais importantes museus folclóricos do Nordeste e tem por objetivo divulgar a história da cultura maranhense. Está instalado no antigo Prédio da Alfândega, construído em 1873.

  • Mercado das tulhas

O mais tradicional mercado popular do centro histórico foi construído no século XIX, sendo especializado em produtos tipicamente maranhenses, produtos gastronômicos, artesanato, comidas e bebidas.

  • Cais da Sagração

Esse histórico cais servia como principal porto de São Luís quando foi construído, em 1841. Com o passar dos anos, foi perdendo sua importância e hoje é uma área de convívio na Avenida Beira-Mar.

Como sua construção foi iniciada no mesmo ano da coroação de Dom Pedro II como Imperador do Brasil, o nome Cais da Sagração foi escolhido para homenagear o monarca.

  • Rua 28 de Julho

Com seus imponentes casarões e escadarias, essa é, na minha humilde opinião, a mais bela rua do Centro Histórico. Eu fiquei hospedado nessa rua, na Pousada Portas da Amazônia.

  • O que achei da visita?

Apesar de sua importância histórica, arquitetônica e cultural, tive a impressão que a região está abandonada pelo poder público.  Em algumas ruas, há bastante lixo no chão e muitos casarões estão fechados e à espera de uma restauração urgente. Havia também pouco comércio funcionando e movimentação nas ruas (era um final de semana antes do carnaval, o que pode ter influenciado na movimentação de pessoas). De qualquer forma, o Centro de São Luís é belíssimo e vale uma visita, nem que ela seja conciliada com outras atrações da cidade. Eu mesmo aproveitei minha estadia na cidade para conhecer outros lugares – conto um pouco mais do meu roteiro aqui.

  • Como chegar?

O Aeroporto Internacional e a Rodoviária de São Luís ficam há cerca de 20-30 minutos do Centro Histórico, dependendo do transito. Já a zona hoteleira da Ponta D’Areia fica há apenas 10 minutos de carro, sendo assim, o acesso é bem tranquilo.

Já no Centro Histórico, a maioria das ruas internas são fechadas para pedestres e as liberadas para carros são estreitas, por isso, a melhor maneira de andar pelo área é a pé.

  • Quanto tempo ficar?

Para visitar todas as atrações com calma, reserve ao menos um dia inteiro para o Centro Histórico. Mas se não tiver tempo, não se preocupe. Reserve meio período do seu dia e vá direto as principais atrações: Catedral Metropolitana, Museu do Reggae, Palácio dos Leões e Rua Portugal.

  • Se localize:

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