Chega a ser difícil descrever a sensação de ver pessoalmente a imensidão e a beleza do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, com suas lagoas de água doce cercadas por grandiosas dunas de areia branquinha e que logo de cara nos deixam completamente apaixonados.
O parque ocupa uma área de 155 mil hectares formado por dunas, mangues, rios e lagoas formadas pela água represada das chuvas. E aqui vale dizer que os Lençóis Maranhenses são únicos, já que em nenhum outro lugar do mundo será possível encontrar um ecossistema tão complexo e mágico quanto esse.
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Como chegar:
O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses fica localizado no noroeste do estado do Maranhão, há cerca de 250 km da capital São Luís, que é a porta de entrada para quem vem de outros estados. De São Luís até a região dos Lençóis são cerca de 4 horas e o trajeto pode ser feito de carro, ônibus intermunicipal ou translado oferecido por empresas de turismo. O principal aeroporto é o de São Luís (Barreirinhas tem um aeroporto, mas ele atende apenas voos fretados e que são bem caros).
Como estava em São Luís, contratei um translado até Barreirinhas com a agência de turismo Gi.Conect Viagens. O trajeto é feito em uma van e custou R$70,00 (valor para 2018). Já o caminho de volta à São Luís foi feito em um ônibus intermunicipal da empresa Cisne Branco e custou R$51,00, sendo a opção de transporte mais barata entre o parque e a capital do estado (ou vice e versa). A Cisne Branco oferece quatro horários por dia entre os destinos.
Existem vários municípios e vilarejos nos arredores do parque nacional e que servem como porta de entrada, sendo Barreirinhas, Santo Amaro e Atins os mais famosos. Cada um com suas peculiaridades.
Barreirinhas é a maior cidade da região e a que oferece mais infraestrutura turística, com uma grande variedade de hotéis e pousadas, agências de turismo, bancos, restaurantes e variado comércio. Saindo de São Luís, é a cidade mais fácil de chegar e é acessada através de uma rodovia asfaltada num trajeto de aproximadamente 4h.
Santo Amaro é uma cidade menor e mais tranquila, já que recebe bem menos turistas que Barreirinhas. Seu acesso é um pouco mais difícil, sendo obrigatório o uso de carro 4×4 no trecho final. Em compensação fica bem mais próxima das lagoas – algumas são consideradas as mais belas do parque.
Já Atins é uma vila bem pequena e rústica, perfeita para quem procura um ambiente mais roots. Localizada entre o Rio Preguiças e o mar, as ruas são de areia, quase não há restaurantes ou comércio e em muitas pousadas você pode dormir na rede e usufruir de banheiros com fossa e sem ducha quente. Seu acesso também é mais difícil, sendo necessário chegar em Barreirinhas e lá contratar um transfer, que pode ser carro 4×4 ou lancha.
Para quem for de carro, vale reforçar que apenas veículos cadastrados podem entrar dentro do Parque Nacional, ou seja, você terá que deixar seu carro estacionado em alguma cidade base e nelas contratar algum meio de transporte ou para os mais aventureiros, ir a pé.
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O passeio
Os passeios pelas Dunas podem ser de meio período ou dia inteiro. Os de meio período geralmente acontecem no período da tarde, afim de concilia-lo com o pôr do sol. O trajeto é feito em veículos 4×4, os únicos que aguentam fazer a tortuosa travessia pela vegetação. Os turistas vão sentados na parte de trás do carro que é adaptada para acomodar até 12 pessoas. O valor varia entre R$ 60 e R$ 120 a depender do roteiro e tempo de duração.
Eu fiz o passeio de meio dia com a agência Gi.Conect Viagens e paguei R$ 70,00. Além desse, fechei com essa mesma agência um passeio pelo rio Preguiças e gostei bastante do atendimento, com a exceção de uma mudança de roteiro sem aviso.
Isso porque se você está hospedado em Barreirinhas, como eu, é possível escolher o passeio de meio período entre o Circuito Lagoa Azul e o Circuito Lagoa Bonita e quando fiz a reserva, só havia a opção da Lagoa Bonita, por supostamente ser a mais cheia no parque naquela época. Porém, na hora do passeio em si, fui levado para o Circuito Lagoa Azul. Mas independente da mudança, o passeio foi inesquecível.
Em qualquer agência os carros buscam os turistas em suas respectivas hospedagens, mas se preferir, também é possível esperar na sede da agência onde fez a reserva. No meu caso, o carro da Gi.Conect passou na minha pousada por volta das 14h e como fui o último a embarcar, o motorista logo parou em frente à um mercadinho para comprarmos algo para comer, já que dentro do parque não há estabelecimentos comerciais. A parada durou uns 10 minutos.
Estávamos em 10 pessoas e por sorte todos eram muito simpáticos e divertidos: dois baianos, 3 paulistas, duas fluminenses e 3 mineiras.
Depois da parada no mercado, seguimos até um pequeno píer para fazer a travessia de balsa sobre o Rio Preguiças. Na outra margem, é possível descer da balsa pelo píer ou pela margem do rio – como estava muito calor, aproveitei e me refresquei molhando os pés nas águas geladas do rio.
Subimos novamente no 4×4 e seguimos atravessando a área de vegetação do parque nacional em um mini rally. Já havia lido que a travessia é uma verdadeira aventura e realmente é: o carro balança muito, faz curvas, descidas e subidas bruscas, atravessa grandes poças d’água e se você tiver sentado nas laterais, de vez em quando um galho de árvore bate na sua cara. É diversão e aventura na certa hehe.
E em 40 minutos chegaríamos no paraíso. Os carros ficam todos estacionados nos pés de uma das dunas e de lá começamos a fazer o trajeto a pé. Assim que você sobe a primeira duna e lá de cima vê toda a imensidão do parque, com certeza ficará arrepiado.
Ficamos livres cerca de 2 horas para aproveitar ao máximo as belezas do parque. Nosso grupo acabou ficando junto e desbravamos várias lagoas, algumas com nomes e outras não, algumas famosas e outras não.
Aproveite para tirar muitas fotos, se banhar na água doce dos lagos e para fazer “esquibunda” nas dunas. E claro, relaxe e sinta o clima de paz dos Lençóis.
O tempo infelizmente não estava cooperando muito quando fui e passei o caminho inteiro torcendo para não chover e o sol sair. No final do passeio acabou não chovendo, mas o sol não saiu também, ou seja, o prometido e esperado pôr do sol ficou para uma próxima visita.
Para voltar, fizemos o mesmo caminho de aventura da ida. O único problema é que a maioria dos carros voltam no mesmo horário e pelo que entendi só há uma balsa para fazer a travessia no rio Preguiças. Ou seja, formou-se uma fila enorme de carros e a espera foi de aproximadamente uma hora até embarcarmos. Para se distrair, há inúmeras lojinhas ao longo da rua onde é feita a travessia com artesanato e produtos típicos da região.
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Qual a melhor época para ir?
De maio à setembro é a alta temporada e quando os Lençóis Maranhenses recebem milhares de turistas e consequentemente os preços estão mais altos. Essa grande procura é justificada porque é no meio do ano que as lagoas estão cheias e o sol brilha forte quase todo dia.
Uma curiosidade é que para os moradores da região, só existem duas estações lá: verão e inverno e eles são o oposto do resto do país. A alta temporada de maio à setembro é o “verão” deles, que é de clima seco, sem vento e com as lagoas cheias. Já os outros meses fazem parte do inverno, que é a temporada de chuvas. É no mínimo um inverno curioso, porque faz um calor de matar rs.
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E vale a pena ir na baixa temporada?
Eu visitei os Lençóis Maranhenses em fevereiro, mais precisamente durante o feriado de Carnaval, ou seja, no inverno deles. A escolha foi motivada principalmente pelos baixos preços: passagens aéreas, hospedagem e alimentação tem seus preços reduzidos quase pela metade, já que a procura cai na baixa temporada. Sem falar que as atrações estão mais vazias e com isso o atendimento acaba sendo melhor.
Claro que eu queria e muito ver as lagoas cheias, como na alta temporada, mas mesmo assim a viagem super valeu a pena e rendeu experiências únicas.