Imagine uma comunidade pré-colombiana de tradições milenares, vivendo em ilhas artificiais feitas de palha e que flutuam sobre as águas do Titicaca, o maior e mais alto lago navegável do mundo. Pois é, essa é Uros, uma das mais curiosas e visitadas atrações da região de Puno, sul do Peru, e que eu gosto um mais para vocês aqui. 🙂
Viagem realizada em janeiro de 2017.
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A história
Os Uros são descendentes dos primeiros povos a habitar essa região do Titicaca, passando pela ascensão dos Incas e a chegada dos espanhóis, mas conservando a peculiar vida sobre as águas. Originalmente eles falavam uma língua própria chamada puquina, mas hoje usam o aymara como língua oficial. A maioria, no entanto, também fala ou pelo menos entende o espanhol.
Existem muitas versões e lendas de como surgiu a ideia de morar em ilhas flutuantes, sendo que a mais aceita é a estratégia de defesa: se o inimigo chegasse, bastava flutuar com a ilha o mais longe possível. Porém, se a ilha não fosse ancorada, era comum dormir em um lugar e acordar em outro – até mesmo em outro país, já que o Titicaca fica na divisa com a Bolívia.
Há cerca de 30 anos atrás, pouquíssimas ilhas estavam ancoradas próximas a Puno. Todas as outras estavam espalhadas pelo lago. Porém, com a chegada do turismo em massa, as outras ilhas foram sendo movidas para cá até formarem um conjunto com cerca de 30 ilhas e que são visitadas em dias alternados. Essas ilhas ficam próximas uma das outras e todas elas apresentam aspectos em comum: pequenos cômodos com o básico para poder cozinhar, lavar, dormir e trabalhar.
Mais de 1.500 pessoas moram atualmente nelas, sendo que cada ilha é administrada por uma família e a comunidade, por um patriarca.
Há também pequenas creches e escolas infantis nas ilhas. Porém, assim que entram no ensino fundamental, médio e superior, as crianças e jovens vão estudar em escolas de Puno. A ligação entre a terra firme e as ilhas é feita em barcos motorizados, sendo que os tradicionais barcos de palha são quase que exclusivamente usados para os turistas.
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Quando ir
Se você está planejando uma viagem a este destino turístico popular, é importante saber quando visitar para aproveitar ao máximo sua experiência.
De maio a setembro é a melhor época para visitar Puno, porque é a época seca e ensolarada. Durante esses meses, as temperaturas diurnas são agradáveis, com médias entre 15°C e 20°C, e as noites são frias, com temperaturas entre 5°C e 10°C. Essas temperaturas são ideais para explorar as ilhas flutuantes de Uros, caminhar pela cidade e desfrutar de um passeio de barco pelo Lago Titicaca.
No entanto, tenha em mente que, devido à popularidade de Puno durante a temporada alta, as tarifas de hotéis e passeios podem ser mais altas do que o normal. Além disso, se você planeja visitar durante o Festival de Virgen de la Candelaria, que acontece em fevereiro, prepare-se para multidões e preços ainda mais altos.
Se você não se importa com um pouco de chuva, a época de chuvas de outubro a abril pode ser uma opção para economizar dinheiro. No entanto, esteja ciente de que as chuvas podem afetar a acessibilidade às ilhas flutuantes de Uros e outros locais turísticos. As temperaturas durante essa época variam entre 5°C e 15°C, com uma média de 10°C.
Em conclusão, a melhor época para visitar Puno é de maio a setembro, quando o clima é agradável e seco. Se você planeja visitar durante a temporada alta, reserve seus passeios e acomodações com antecedência. Se você não se importa com um pouco de chuva, a época de chuvas pode ser uma opção para economizar dinheiro.
Independentemente da época que você escolher, Puno é um destino maravilhoso para experimentar a cultura andina e explorar a beleza do Lago Titicaca.
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Se localize:
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O passeio
Em Puno, muitas agências oferecem o passeio até as ilhas flutuantes, então, não é necessário reservar com antecedência – no dia anterior já é suficiente. Essas agências ficam localizadas principalmente na Jirón Lima, principal rua comercial da cidade. Os pacotes mais vendidos e populares incluem visitas à Uros e a outras ilhas do Lago Titicaca, como Taquile e Amantaní.
O passeio também pode ser fechado no próprio hotel, como eu fiz. Escolhi o tour para Uros e Taquile. Não me lembro bem, mas acredito que paguei uns 60 soles nesse passeio, incluindo a van até o píer, transporte de lancha entre as ilhas e almoço. Uma opção mais barata é ir até o próprio píer de Puno e negociar lá mesmo o passeio.
Para quem não tem interesse ou tempo para conhecer outras ilhas, existe o passeio de meio dia que inclui apenas Uros, que costumam ter saídas às 9h ou às 16h30.
Com o passeio fechado, no dia seguinte acordei cedo, tomei café da manhã e por volta das 8h a van passou no hotel que estava para me levar até o píer de Puno, de onde partem as lanchas turísticas. Haviam argentinos, chilenos, colombianos e até uma italiana em nosso barco.😃
Em seguida, fomos apresentados ao nosso guia bilíngue (inglês e espanhol). Não lembro seu nome, mas ele foi super simpático e nos contava inúmeras histórias da região. Também teve algumas apresentações de músicas folclóricas no trajeto.
Ao longo do trajeto é possível ir admirando as belezas naturais da região. A lancha era confortável, segura e tinha banheiro.
Em menos de 20 minutos chegamos em Uros. Assim que descemos da lancha, um dos moradores locais nos conta como é a construção e preservação de cada ilha, demonstrando como a palha de totora é entrelaçada e prensada para constituir uma ilhota. As mesmas são amarradas no fundo do lago, a fim de evitar seu deslocamento com o movimento das águas. Essa palha é retirada de plantas aquáticas facilmente encontradas na região.
Ele também nos conta que ainda é comum a realização de oferendas à Cota Mama, a deusa da água, assim como o uso de coloridos trajes típicos, muitos deles com adereços que indicam seu estado civil.
Depois da apresentação, somos divididos em dois grupos para fazer um lento passeio ao redor da ilha a bordo de um barco típico também feito de palha.
Ao final do passeio, somos levados até uma mesa com vários artesanatos – a venda desses produtos é uma de suas principais rendas. E isso é frisado várias vezes pelo guia, no que me pareceu uma tentativa de nos forçar a comprá-los. Apesar de bonitos e bem feitos, os artigos tinham preços altos, o que atiçou ainda mais a minha desconfiança. Acabei comprando um vasinho de 5 cm por 10 soles.
Depois das compras, voltamos para a lancha e seguimos viagem até o nosso próximo destino – Eu conto tudo para vocês sobre a Ilha Taquile aqui. Ao todo, a parada em Uros durou cerca de 1h30.
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Vale a pena?
Por ser uma das atrações mais famosas da região, fiquei com uma leve impressão de que as ilhas se transformaram em um fisga turista, o que tirou parte de sua originalidade. Inclusive, muita gente torce o nariz e questiona até que ponto tudo que nos é apresentado é verdade ou não. Mesmo assim, não é todo dia que temos a oportunidade de pisar em ilhas flutuantes, além de ser super interessante ver como as mesmas são construídas e mantidas. Também são poucos os Uros que ainda continuam morando ali, já que as novas gerações estão preferindo as comodidades da terra firma. Ou seja, pode ser que em pouco tempo as ilhas flutuantes não existam mais.
Então sim, o passeio vale muito a pena, ainda mais se combinado com alguma outra ilha do lago.
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Onde se hospedar?
Se você está planejando uma viagem a Puno, a escolha do lugar onde ficar é uma das decisões mais importantes que você terá que tomar. Puno é uma cidade pequena, mas existem muitas opções de hospedagem para atender a todos os tipos de viajantes e orçamentos.
A maioria dos hotéis e albergues estão localizados no centro histórico de Puno, perto da Plaza de Armas, a praça central da cidade. Esta área é conveniente para aqueles que desejam estar perto de restaurantes, lojas e em uma área movimentada.
Se você está procurando uma experiência mais tranquila, uma opção seria se hospedar nas margens do Lago Titicaca. Existem várias propriedades charmosas com vistas incríveis do lago, e é uma ótima maneira de experimentar a tranquilidade e a beleza da região.
Além disso, uma opção popular entre os viajantes é ficar hospedado nas próprias ilhas flutuantes de Uros – há desde acomodações básicas até estadias mais luxuosas.
Independentemente da opção escolhida, é importante lembrar que durante a alta temporada, de maio a setembro, as tarifas de hospedagem podem ser mais altas do que o normal, e a reserva antecipada é altamente recomendada.
Para ajudar na sua escolha, aqui estão algumas opções de hospedagem populares em Puno:
Titicaca Jaltwai Lodge: esse chalé flutuante tem um terraço e serve café da manhã americano. Tem avaliação 9.9 no Booking.
Casitas del Titicaca Peru: com jardim, terraço, vista para a cidade e banheiros privativos, essa é uma das mais luxuosas hospedagens de luxo nas ilhas flutuantes. Tem avaliação 9.8 no Booking.
Walter Lodge Peru: o chalé dispõe de um quarto, sala de estar, cozinha, área para refeições e um banheiro. Tem avaliação 9.5 no Booking.
Uros Quechua`s Lodge Titicaca: essa hospedagem flutuante em Uros é simples, mas oferece café da manhã americano e muita tranquilidade. Tem avaliação 9.5 no Booking.
Hotel Qalasaya: Localizado a poucos quarteirões da Plaza de Armas, este hotel oferece quartos confortáveis e bem equipados a preços razoáveis. Além disso, o hotel oferece um restaurante no local e serviço de transporte para o aeroporto. Tem avaliação 8.4 no Booking.
Em resumo, há muitas opções de hospedagem em Puno, Peru, para atender a todos os gostos e orçamentos. Independentemente da opção escolhida, certifique-se de reservar com antecedência e de aproveitar ao máximo sua estadia na cidade e nos arredores do Lago Titicaca.
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