Isla del Sol: um dos lugares mais lindos do mundo fica na Bolívia

O Lago Titicaca, por si só, já é uma atração imperdível do continente sul-americano, localizado bem na fronteira entre a Bolívia e o Peru. Maior e mais alto lago navegável do mundo (8.300 km² e está a 3.821m acima do nível do mar) o Titicaca tem ao todo 41 ilhas, sendo que a maior e mais famosa delas fica do lado boliviano. Estou falando da Isla del Sol (Ilha do Sol).

Repleta de belezas naturais, sítios arqueológicos e cenário de muitas histórias e lendas andinas – além da fama de ser um lugar místico – a Isla del Sol é sem dúvidas um dos lugares mais fantásticos e mágicos do mundo, principalmente por suas paisagens de encher os olhos.

Segundo a tradição, a ilha seria o berço da civilização Inca e durante muitos anos foi considerado um santuário ao Deus Sol. O pai dos Incas, Inti Sol, teria decidido enviar à Terra seu filho Manco Capac, e sua esposa-irmã, Mama Ocllo, para civilizar o mundo e criar um Império. Esses enviados surgiram das águas do Lago Titicaca, mais especificamente na Isla del Sol. Da ilha, seguiram até Cusco, para fundar a cidade-capital do Império Inca.

Atualmente, a ilha é habitada por comunidades de origem quéchua e aimará e que sobrevivem através da agricultura, pesca, artesanato e mais recentemente, do turismo. Caminhando pela ilha, você perceberá que os moradores vivem de maneira simples, mantém suas tradições e se comunicam em línguas indígenas.

Olha eu *_*
  • Como chegar

A Isla de Sol fica localizada a cerca de 20 quilômetros de Copacabana, cidade base para conhecer o lado boliviano do Titicaca e de onde partem os barcos para conhecê-la. Chega-se ao lado sul da ilha em cerca de 1h30. Já ao lado norte leva-se cerca de 2h15.

Qualquer agência na cidade realiza esse que é o passeio mais famoso da região. Os barcos saem de Copacabana para Isla del Sol em dois horários: às 8h30 e às 13h (esses horários podem variar para mais ou para menos) e os preços não divergem muito entre as agências. No geral, são oferecidos três tipos de passeio:

  • 1: Isla de la Luna + Isla del Sol em barco privativo

Apesar da comodidade e exclusividade, passeios privativos no geral são caros. Uma das agências que visitei chegou a cobrar 600 bolivianos pelo passeio para duas pessoas – valor surreal para qualquer mochileiro. Esse tour incluí também a vizinha Isla de la Luna.

  • 2: Barco comum (só ida)

Para quem vai pernoitar na ilha, é possível comprar a passagem só de ida por 20 bolivianos. Com saídas diárias e em dois horários: 8h30 e 13h, os barcos saem do píer de Copacabana e desembarcam no porto de sua preferência, no lado norte ou no lado sul da ilha. Para voltar, é preciso comprar a passagem em algum dos dois portos, por 25 bolivianos. Diariamente, há duas saídas para Copacabana, às 10h30 e às 16h.

  • 3: Bate-e-volta em Isla del Sol + guia

Passeio mais comum, você compra a passagem de ida e volta + guia de turismo (que pode ser opcional) para conhecer ou o lado sul ou o lado norte da ilha. Assim como a opção anterior, os barcos saem em dois horários: 8h30 e 13h, sendo que o primeiro horário é o mais adequado para fazer bate e volta já que o último barco de volta sai de Isla del Sol às 16h – e vamos combinar, três horinhas é muito pouco tempo para desbravar a ilha.

Mas para quem tem pouco tempo e não pode pernoitar na ilha, é uma opção a considerar. O custo da passagem bate e volta sai por cerca de 30 bolivianos.

Cotação (jan. 2017)

1 real = 2 bolivianos

Na hora de comprar o bilhete de barco, é necessário escolher se quer desembarcar no lado norte ou sul da ilha.

Local onde é feito o desembarque na comunidade de Challapampa, lado norte da ilha

O lado sul tem mais infraestrutura, principalmente na comunidade Yumani, onde existem diferentes tipos de hospedagem (pousadas, hotéis, hostels) lojas e restaurantes. Neste lado ficam a Escadaria Inca, o Jardim e a fonte Inca e as ruínas de Pilkokaina, onde fica o Palácio Inca, também conhecido como Templo do Sol (não são todas as agências que param no templo).

Já o lado norte é mais isolado e rústico. Tem pouco comércio e restaurantes e a maioria das hospedagens são quartos alugados em casas de locais. É por aqui que se localizam ruínas incas como a roca sagrada, a mesa cerimonial, a Chincana e o Museu do Ouro.

  • Se localize:

Um dos roteiros mais famosos da ilha é a travessia norte-sul (camino norte-sur) por meio da antiga trilha Inca, a principal da ilha. Para isso, é necessário comprar o bilhete de acesso ao lado norte. Dependendo do seu ritmo, em cerca de 4 horas você completa o percurso até o lado sul, sendo possível escolher entre pernoitar na ilha ou pegar o último barco de volta à Copacabana, caso chegue no porto até às 16h. Um dica importante é levar dinheiro, pois se pagam alguns “pedágios” ao longo da trilha, que ajudam na manutenção do local.

Porém, li recentemente que essa famosa trilha Inca estava fechada por causa de conflitos entre o povo do norte, do sul e do centro da ilha, pois isso é bom dar uma confirmada antes de programar o seu roteiro.

Trilhas na Isla del Sol
  • A minha ida:

Para economizar na hospedagem,  escolhi a ultima opção (bate e volta) em uma das cabines de vendas que ficam localizadas na avenida Costanera (com os carinhas que ficam gritando ”isla del sol, isla del sol”). Comprei os bilhetes da manhã por 30 bolivianos para conhecer a parte norte da ilha – dizem as más línguas que é a parte mais bonita :D, sem falar que é ali que se localizam as antigas ruínas incas, que queria muito conhecer.

Porto de Copacabana, de onde partem os barcos para Isla del Sol

Como estava hospedado próximo ao píer, saí do hotel por volta das 8h20 e em poucos minutos estava em frente ao Monumento Avaroa, a grande âncora branca às margens do Titicaca de onde as lanchas saem. A previsão era começar o embarque as 8h30, porém, devido a chuva (sim, estava chovendo muito😪) só consegui entrar no barco por volta das 9h15, quando o tempo deu uma melhorada.

Monumento Avaroa

Não sei como é feito com outras agências,  mas o nosso trajeto foi em um barco velho, sem cinto, sem coletes salva-vidas, sem nada!!! Devido a chuva, as águas do Lago Titicaca estavam super agitadas e o barco balançava demais :cry:  e em algumas horas chegava a entrar água na parte inferior. Foram as duas horas mais longas da minha vida haha, mas sobrevivi :).

Além da parte interna, é possível fazer o trajeto na parte superior da lancha, que é aberta.

Como que por mágica, assim que estávamos nos aproximando da ilha, o tempo limpou por completo e o sol saiu. Talvez tenha sido um sinal da misticidade do lugar. Sorte ou não, o tempo ajudou a destacar ainda mais as fantásticas paisagens da ilha emoldurada pelas águas azuis do lago. Lindo demais!!!

Chegando no lado norte
Chegando no lado norte

Tanto para entrar no lado norte quanto no lado sul, é preciso pagar uma taxa de 10 bolivianos ainda no porto, logo na chegada. As agências não costumam nos falar isso, então vá preparado.

No lado norte, o desembarque é feito na comunidade de Challapampa, vilarejo formado por cerca de 500 pessoas que vivem de forma humilde. A área é bem movimentada, com locais vendendo artesanato, oferecendo passeios guiados e um fluxo grande de turistas. Existem também algumas opções de lanchonetes e um banheiro (paga-se uma taxa para utiliza-lo). Caso não tenha levado, aproveite para comprar água, pois o sol na ilha é de matar!

Comunidade de Challapampa
Comunidade de Challapampa

Assim que descemos, nosso grupo formado por cerca de 40 pessoas é apresentado a um guia local, que nos explica um pouco da história e nos dá algumas instruções e regras da ilha.

Caso queira ir por conta própria, simplesmente siga o fluxo e compre você mesmo seu ingresso – no verso, há um mapa de toda a ilha.

Em seguida, após a apresentação do guia, fomos encaminhados para o Museu do Ouro (oficialmente Museo de Oro Ciudad Sumergida Marka Pampa), formado por inúmeras peças arqueológicas encontradas na região – apesar do rico acervo, o museu é bem simples, com pouca infraestrutura e muitas peças ficam amontoadas.

Museo de Oro
Museo de Oro

Ao lado do Museu se localiza a praia de Challapampa, um dos locais preferidos dos mochileiros para camping.

Pessoas acampando em uma das praias de Challapampa

De lá, seguimos por várias trilhas em meio a vegetação típica onde encontramos alguns porquinhos, casas de locais e mirantes incríveis.

Porquinho
Uma das inúmeras trilhas que passamos neste trecho
vista de um dos mirantes
vista de um dos mirantes

Com algumas paradas ao longo do trajeto, nosso destino final eram os antigos sítios arqueológicos do Império Inca, como a Roca Sagrada – Titikala, uma grande rocha que acredita-se ser um ponto central de onde emana grande energia mística e estaria relacionada ao Deus Sol.

Roca Sagrada
Roca Sagrada
Ruínas incas no lado norte

Um pouco antes de chegar na Roca estão as Pegadas de Thunupa, pequenos buracos no chão e que segundo a lenda, teriam sido deixadas por Thunupa, filho de Wiracocha, logo ao sair do lago e se dirigir à Roca Sagrada.

Pegadas de Thunupa

Já ao lado da Roca está a Mesa de Sacrifícios, utilizada para rituais em que animais (e talvez humanos) eram mortos em homenagem ao Deus Sol.

Mesa de Sacrifícios

Um pouco abaixo está Chincana, ruínas de uma antiga construção que, segundo alguns especialistas, servia ou para moradia à sacerdotes ou se tratava de um local para armazenamento de alimentos. Com vários cômodos e corredores, o local é conhecido como Laberinto.

Chincana

A partir daí, há três opções de trajeto. Voltar caminhando pela mesma trilha até o porto de Challapampa, onde descemos; Iniciar a trilha norte-sul com destino à comunidade Yumani, no sul da ilha; ou pegar o barco em um pequeno píer na praia localizada ao lado de Chincana.

Enquanto estávamos em solo, nosso barco contornou a ilha e nós embarcamos na última opção, nesse píer – porém não são todas as agências que fazem isso, por isso é bom confirmar (é possível ver o píer de embarque no lado esquerdo da foto abaixo, ao lado das ruínas de Chincana).

Às 14h45 embarcamos e seguimos viagem até Copacabana. Na volta, conheci uma simpática família de rondonienses da capital Porto Velho e viemos conversando o caminho todo.

No meio do trajeto, o barco fez uma parada de 30 minutos na Ilha Flutuante, uma espécie de imitação das Ilhas Flutuantes de Uros, localizadas no lado peruano do Titicaca. Essa ilha é artificial e nela funcionam alguns restaurantes – essa parada não foi informada quando comprei o bilhete, mas foi muito legal poder conhecer mais um lugar da região.

Ilhas flutuantes do lado boliviano do Titicaca
Vista da ilha flutuante

E assim chegava ao fim meu bate e volta até a fantástica Isla del Sol. Quer saber mais sobre a Bolívia? É só clicar aqui.

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