Puno, a capital folclórica do Peru

A primeira impressão de Puno não é das melhores: cidade bagunçada, suja, caótica e aparentemente perigosa :roll:. Mas bastou algumas poucas horas para se tornar uma das cidades mais incríveis que já visitei ❤. E olha, essa rápida passagem por Puno nem estava planejada. Isso porque eu estava na Bolívia, com alguns dias sobrando no nosso roteiro, e do nada resolvi ir até a rodoviária de La Paz ver quais os destinos existentes mais próximos. Um dos primeiros guichês estava escrito Puno/Peru e pensei: Por que não? Vou ou não vou?! E fui!

Foram apenas 3 dias em solo peruano, mas que me deixaram uma certeza: eu preciso voltar para esse país o mais rápido possível 😀. Puno realmente me encantou.

  • Informações práticas:

Nome: San Carlos de Puno
Departamento: Puno
Província: Puno
País: Peru
Fundação: 1668
População: 120 mil (2015) – 20° maior do país
Moeda: Nuevo Sol (soles)
Idioma oficial: espanhol

Brasileiros não necessitam de visto para entrar no país – basta o RG ou passaporte.

A primeira vista de Puno: os morros com suas casinhas amontoadas e inacabadas
  • História

Fundada em 1668 por Pedro Antonio Fernández de Castro,  Puno é a capital do departamento e província de mesmo nome. Considerada uma das cidades mais altas do mundo, com uma altitude variando entre 3.810 e 4.050 metros, Puno está situada em uma região montanhosa às margens do Lago Titicaca e tem clima frio a maior parte do ano.

A maior receita da cidade vem do turismo e é justamente o Titicaca uma de suas maiores atrações. Milhares de turistas todos os anos vem a Puno para conhecer de perto as águas do lago navegável mais alto do mundo e onde, segundo lendas andinas, nasceu a civilização Inca.

Lago Titicaca: Puno é a melhor cidade base para se conhecer um dos lagos mais famosos do continente.
Região portuária de Puno

Puno é também considerada a capital folclórica do Peru. E não é para menos. A cidade tem uma riquíssima diversidade de festivais folclóricos que são herança de antigas civilizações andinas, como os aimaná, do sul, e os quéchua, do norte, contando com mais de 300 danças catalogadas. Waca Waca, Dança do Amor e A Diablada são apenas algumas delas, que misturam teor religioso e sátiras aos espanhóis do período colonial.

A Festa de la Virgen de la Candelaria é a mais famosa delas, sendo considerada a maior festividade do Peru, equivalente ao nosso Carnaval. Todos os anos, entre os meses de janeiro e fevereiro, milhares de pessoas vem até a cidade para reverenciar a Mamita Candelaria, como é conhecida a virgem padroeira da cidade e que está associada aos ciclos da terra, pureza e fertilidade. Eu consegui acompanhar um pouco dessa festa em minha estadia na cidade e realmente é de se encher os olhos. São muitas danças, fantasias, música e animação. Infelizmente, acabei perdendo todas as fotos que tirei da festa 😭.

  • O que fazer em Puno?

As ilhas

Além da Festa de la Virgen de la Candelaria e do próprio Titicaca, a cidade conta com inúmeras outras atrações turísticas, a começar pelas ilhas que fazem parte do lado peruano do lago. As ilhas Taquile e Amantini são algumas das mais bonitas, com paisagens deslumbrantes, boa infraestrutura e fácil acesso de barco.

A lindíssima Ilha Taquile
A lindíssima Ilha Taquile

Porém, as mais famosas são as Ilhas flutuantes de Uros, ilhas artificiais construídas sobre as águas do lago para abrigar os Uros, povo de tradição pré-colombiana e que sobrevive graças a pesca, a agricultura e a venda de artesanato. Todas as agências de turismo oferecem esses passeios e na maioria está incluído, além do transporte, alimentação e guia turístico.

Uma das Ilhas flutuantes de Uros

O Centro Histórico

Puno, assim como outras cidades peruanas, tem um bonito centro histórico colonial e que merece ser apreciado. O passeio pode ser feito em apenas meio dia, começando pela Plaza de Armas, mais antiga praça da cidade e palco das principais solenidades, onde se ergue o imponente Monumento à Francisco Bolognesi.

Em frente a essa praça fica a Catedral Basílica Menor de Puno, construída em 1757 e considerada uma das mais grandiosas e simbólicas do país. Outros dois templos católicos ficam próximos: a Iglesia de San Antonio e a Iglesia de San Juan, onde se encontra a imagem da Santíssima Virgem da Candelária. Em frente a essa última igreja fica localizado o Parque Pino, outra importante área de convívio e que abriga o Glorioso Colégio Nacional de San Carlos, a mais antiga escola da cidade.

O Museu Carlos Dreyer, o centro cultural Balcón del Conde de Lemos, a Casa do Corregedor, o Parque Mirador Puma Uta e o Porto de Puno são outros pontos de interesse na cidade.

Plaza de Armas
Interior da Catedral de Puno
Casario colonial na Plaza de Armas

ATRAÇÕES FORA DO CENTRO

Para quem tem mais disposição, uma dica interessante é visitar o Mirador de Kuntur Wasi, também conhecido como Mirador el Condor. Situado à 3.990 metros de altura, o mirante proporciona uma vista sensacional de quase toda a cidade e do lago Titicaca. Por ficar um pouco distante do centro, vá de táxi até a base do morro e prepare-se para subir 620 degraus até o topo.

Ainda fora da área urbana, as Torres Sepulcrais de Sillustani são um atrativo interessante. Trata-se de ruínas de um cemitério as margens de um lago com uma série de tumbas que pertenceram a cultura Kolla, que viveu entre 1.200 e 1.450 na região. Em Puno, existem agências que fazem esse passeio. Se preferir ir de carro, basta pegar a PU-35 sentido Juliaca e depois a PU-121 até o vilarejo base da região de Atuncalla.

Região portuária com o Mirador el Condor ao fundo
  • Hospedagem

Em Puno, fiquei hospedado no Hotel Gran Puno Inn (Jirón Arequipa, 130) que fica em frente ao Teatro Municipal. Além da ótima localização, as acomodações e o atendimento foram muito bons. Fiquei em um quarto individual, com ducha quente e café da manhã pelo valor de 35 soles (2 diárias).

Escolhi esse hotel através de uma indicação curiosa. Ainda dentro do ônibus, conversando com um dos funcionários da viação Titicaca, que fez o trajeto entre Bolívia e Puno, o mesmo me perguntou se já tinha hospedagem na cidade. Como falei que não, ele me ofereceu um hotel no centro por esse valor + translado da rodoviária até ele. Achei estranho de início, mas como a rodoviária fica um pouco distante do centro, decidi aceitar .

Claro que poderia ter pego hospedagens bem mais em conta, até porque provavelmente o cara do ônibus estava ganhando uma comissão em cima disso, mas no final gostei bastante da hospedagem e super recomendo.

Ah, no próprio hotel existe uma agência de turismo, então fechei para o dia seguinte de minha chegada um delicioso passeio para as ilhas Uros e Taquile ::otemo:: . (não me lembro bem, mas acredito que paguei uns 60 soles nesse passeio, incluindo transporte e almoço).

Decoração no hall de entrada do Hotel Gran Puno Inn
  • A noite em Puno

Fui surpreendido positivamente com a animação da região central da cidade. Nas ruas, principalmente na Calle Lima, a movimentação de pessoas é muito grande e há vários artistas de rua, sem falar nos inúmeros bares, lojas e restaurantes que ficam abertos até altas horas da noite.

O restaurante escolhido para o jantar fica justamente na Calle Lima e se chama El Tambo del Inka  :). Conta com ambiente, atendimento e principalmente cardápio muito bons, além de ter música ao vivo. Super recomendo!!! Os preços não são tão baratos assim, mas valeu super a pena – além do pisco sour que é gratuito, ainda ganhei um agrado do garçom: vendo que era brasileiro, ele trouxe meu prato de truta escrito Brasil com molho de tomate haha.

É também na Calle Lima que ficam a maioria das agências de turismo (quase todas tem passeios para Machu Pichhu, por exemplo).

O animado trio de música folclórica peruana no El Tambo del Inka
Parque Pino e a Iglesia de San Juan à noite
  • Como chegar

A maioria dos turistas que chegam a Puno vem de Arequipa, Cusco ou de Copacabana, na Bolívia, e o acesso entre elas é bem tranquilo.

Ônibus: a distância entre Cusco e Puno e Arequipa e Puno é de 6h30 com a Cruz del Sur (uma das maiores e melhores viações do Peru). Já saindo da capital, Lima, a viagem costuma durar cerca de 17h, com uma parada em Arequipa. Existem também os ônibus turísticos da Peru Bus, que são bem mais caras, mas fazem várias paradas em pontos turísticos ao longo do trajeto.

Da Bolívia, saindo de La Paz a viagem dura cerca de 4h e de Copacabana cerca de 3h, mas vai depender muito da agilidade da imigração na fronteira dos dois países.

Trem: existe uma linha ferrovia turística ligando Puno à Cusco e vice-versa.

Avião: o Aeroporto Internacional Inca Manco Cápac é o aeroporto mais próximo e fica em Juliaca, cidade localizada a menos de uma hora de distância de Puno. Principal aeroporto do departamento, ele tem voos diários para Lima e Arequipa. No próprio aeroporto é possível encontrar translado para Puno e outras cidades ao redor do Titicaca.

Carro: para quem está de carro, existem ligações entre todas essas cidades. Porém é bom tomar cuidado, pois apesar de asfaltadas e bem sinalizadas, as estradas são de pista simples e com muitas curvas.

Palácio da Justiça na Plaza de Armas
  • Se localize:

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